Fazia tempo planejávamos uma volta a Tiradentes, juntos, já que ambos havíamos visitado a cidade anteriormente, em épocas bem diferentes. No meu caso, visitei pela última vez nos anos 80, tendo ficado hospedado nas então poucas pousadas da cidade. Desta vez, no entanto, queríamos uma experiência diferente. Em vez de uma pousada, uma barraca, no Camping Tiradentes (um dos 2 únicos campings da cidade). E foi o que fizemos.
Tiradentes faz parte do Circuito Estrada Real
Viagem
Para quem parte do Rio, a estrada a pegar é a BR-040. Passando por Barbacena, atenção ao trevo. Você deve pegar uma entrada à direita, seguindo para a cidade de Barroso. Uns 40Km depois, você deverá entrar novamente à direita, pegando a estradinha até Tiradentes. Todo o trajeto em estrada bem pavimentada. Ao passar por Santos Dumont, no entanto, cuidado com a sequência de muitos radares fixos, com velocidade limite de 60Km/h.
Um pouco de História
A cidade nasceu como o pequeno Arraial da Ponta do Morro e, pouco depois, como Arraial da Ponta do Morro de Santo Antônio, no início do Século XVIII. Mais tarde, com a descoberta de ouro abundante nos córregos da redondeza, o arraial foi elevado à condição de vila em 1718, quando foi batizada de Vila São José del Rei.
Contudo, as minas de ouro foram exauridas no Século XIX e, apesar disso, a Coroa Portuguesa continuou cobrando os impostos, exigindo o pagamento de impostos atrasados, somando mais de oito mil quilos em 1788.
Essa opressão despertou o espírito revolucionário entre as camadas mais altas da sociedade, reunindo comerciantes, intelectuais e militares, no que mais tarde ficou conhecido como a Inconfidência Mineira.
A cidade passou a chamar-se Tiradentes em 1889, já que a recém proclamada República buscava um herói que representasse as novas ideias. Foi escolhido o alferes Joaquim José da Silva Xavier, chamado de Tiradentes por sua função de dentista nas tropas.
A cidade de Tiradentes foi tombada como Patrimônio Histórico Nacional, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, em 1938. Hoje sua mais importante fonte de renda é o turismo.
A Tiradentes de hoje
Chegando à cidade, meu primeiro susto: a Tiradentes pacata e sossegada que eu conhecia não estava mais lá. Fomos em um fim de semana comum, sem feriados ou eventos e, no entanto, a cidade estava bastante cheia. Muitos turistas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Juiz de Fora e São Paulo lotavam pousadas a restaurantes. Estacionar o carro não foi difícil, mas não havia vagas sobrando. Conversando com os locais, soubemos que em feriados prolongados e eventos especiais, como o encontro do clube Harley Davidson, lotam a cidade e, aí, é fila para tudo. Então, se você, assim como nós, detesta locais lotados e fila, não vá nessas condições. Prefira os fins de semana comuns e, se puder, vá no meio da semana fora de temporada.
Desde a vez anterior em que visitei a cidade, notei que muitos prédios receberam reformas e pintura nova. A cidade está mais bonita e bem cuidada.
A cidade foi cenário do filme “Chico Xavier” que narrou a trajetória de vida do médium espírita.
Maria Fumaça
Perfeitamente preservado, há na cidade um trem de passageiros puxado por locomotiva a vapor, a “maria-fumaça”, que liga Tiradentes à vizinha São João del Rey, com duas saídas diárias de Tiradentes (13h e 17h) às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados nacionais.
Igrejas
Se você gosta de visitar igrejas, terá o que fazer por um ou dois dias.
Há muitas, sendo que algumas delas ostentam altares com afrescos em ouro no estilo barroco. Muitos detalhes e muito ouro. Prepare-se para andar bastante. A entrada é paga.
Artesanato
A praça central está rodeada de lojas de artesanato e restaurantes. Tudo muito bonito e nada barato. Nada mesmo.
Um detalhe importante é que muito do que se vende na cidade não é produto do local. Compramos uma pequeno objeto, pelo qual pagamos R$ 20,00 e, na viagem de volta, encontramos exatamente o mesmo objeto por R$ 15,00 em uma loja de beira de estrada, na saída de Barbacena. De qualquer forma, se você estiver com a verba folgada e tiver muito espaço no carro, terá ótimos motivos para comprar muita coisa – independente de preço ou origem, há muita coisa bonita.
Doces e bebidas
Há também muitas lojas de bebidas, com grande variedade de cachaças e licores, inclusive cachaça de banana e licores tão exóticos como o de chocolate com gengibre. Doces, então, é o que mais se vê: em pasta, em compota, trufas por quilo e um fondue de chocolate com frutas servido na hora, em potinhos.
Gastronomia
Há muitos restaurantes no entorno da praça e espalhados pelas ruas de calçamento de lajotas de pedra. Com uma ou outra exceções, não ficamos felizes com o atendimento. Em um dos restaurantes, praticamente ignoraram nossa presença; resolvemos levantar e ir embora comer em outro lugar.
E falando em restaurantes, somos um pouco chatos. Ou eu sou chato: detesto restaurantes com música ao vivo, onde tenho que pagar para ouvir um chato resmungar. Acontece que Tiradentes parece ser o paraíso dos tocadores de música ao vivo, tem pra todo lado. Encontramos um muito bom, o Mandalum Restaurante, sem música ao vivo, que serve uma picanha na chapa com palmito muito boa e uma caipirinha também muito bem feita. Fomos lá duas vezes atrás da picanha e da caipirinha.
Experimentamos também, em outro restaurante, o San Felice, felizmente sem música ao-vivo, deliciosos caldos, uma pera caramelada com creme de leite e uma laranja da terra com sorvete. Fantástico, mas caro! Para quem quer economizar um pouco na alimentação, alguns restaurantes servem prato executivo e outros oferecem comida por quilo.
A praça e informações
Além de lojas e restaurantes, na praça você vai encontrar passeio de charrete, pônei, muito espaço para as crianças e até um desenhista, que desenha seu rosto na hora, a lápis, por R$ 20,00.
Na mesma praça encontra-se o centro de informações turísticas, onde os funcionários oferecem mapas e folhetos de serviços e atividades do local. No nosso caso, estávamos procurando guias para caminhadas em trilhas e, por indicações pela Internet, procuramos o Uai Trip mas, infelizmente, o funcionário não sabia indicar o local da agência. Acabamos conseguindo a informação com o carteiro e fizemos com a Uai Trip a trilha do Carteiro.
Inesquecível
Tiradentes agrada aos mais variados gostos – e bolsos. Há pousadas e restaurantes para todos os gostos e bolsos, incluindo-se aí dois campings, sendo um bem afastado do centro, onde ficamos. Há atividades para quem, como nós, curte uma boa caminhada em montanha, incluindo uma programação de caminhada noturna, passeios de bicicleta, passeios com carro 4×4, rafting e atividades em cavernas (espeleologia). Boa comida, ótimo astral, cultura, história, fé, charme e romantismo, tudo reunido em um só lugar. Um fim de semana é muito pouco.
Com certeza, voltaremos!
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Outros artigos sobre Tiradentes:
– Trilha do Carteiro, Tiradentes MG
– Camping Tiradentes
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24 de janeiro de 2013 at 14:42