Enquanto planejava minha viagem me deparei com um dilema. Fazer o city tour de Cusco ou não? Sou avessa a city tour e geralmente dispenso. A pergunta que todo mundo faz é: vale a pena? Resolvi arriscar dessa vez.
O leitor que ainda não pesquisou sobre esse passeio talvez não entenda o motivo da dúvida, mas quem já coletou algumas informações sobre o city tour de Cusco, certamente me entende.
Já vou começar o artigo com a resposta: depende! :)
Pode morrer de raiva da minha resposta, mas não posso dar outra. Vou explicar por quê colocando prós e contras de cada opção. A decisão é sua.
Com agência:
Vale a pena se você tem pouco tempo e não liga para fazer tudo correndo.
Vale a pena se você quer as explicações dos guias pois, afinal, sem elas nenhuma das ruínas tem muita graça.
Vale a pena se você tem pouca grana e quer economizar uma graninha.
Nas fotos sempre vai aparecer alguém pois os tours chegam praticamente juntos e os locais ficam lotados.
Se gosta de fotografia vai morrer de raiva pois quase não dá tempo de nada.
Todos os city tours de agência começam às 14hs e terminam por volta das 18h numa loja de roupas e são feitos com micro-ônibus.
Com taxi particular:
Vale a pena se você tem grana para bancar esse passeio sozinho pois você pode passar em cada sítio arqueológico o tempo que desejar.
Para quem gosta das explicações, só vale a pena se o taxista servir também como guia, explicando o que cada coisa representa.
Também vale a pena se você não tem tanta grana sobrando assim mas conseguir dividir o taxi com amigos.
Lembre-se de combinar o preço com o taxista antes!
Você pode fugir um pouco do horário das excursões e pegar os locais com menos gente.
Você foge da parte comercial da excursão, se desejar.
Taxi até o último sítio e você visitando os sítios sozinho:
É possível fazer o city tour seguindo o roteiro mas sem agência nem guia.
Você perde as explicações e a história dos lugares, parte que para mim é muito importante e interessante.
Precisa estar disposto para caminhar (já que pegou condução até o útimo sítio, os outros são na descida, mas nem tão perto uns dos outros).
É a opção mais barata.
Você faz seu tempo nos locais mas precisa estar atento para não perder tempo demais e ter que descer para outras ruinas no escuro.
O caminho é deserto. Não sei dizer se é perigoso, mas não aconselho fazer sozinho.
Você foge da parte comercial da excursão, se desejar.
Me parece que também há ônibus que passam por Tambomachay, onde se deve descer para fazer o city tour a pé.
Bem, dito isso, vamos ao city tour em si. Fizemos com agência e morremos de raiva da correria. Eu particularmente, gostaria de ter optado pelo taxi pois gosto de explorar os locais e tirar fotos com mais tranqulidade do que consegui.
Como todos os passeios de lá, uma pessoa da agência te busca no hotel a pé e vamos juntos caminhando até a Praça Regozijo. De lá saem e retornam as vans e ônibus. Nosso guia Juan Carlos juntou o grupo e fomos caminhando até o Qoricancha. É perto. Lá dentro ele explicou detalhadamente a história do lugar.
Todos os locais mencionados neste post estão incluídos no boleto turístico de Cusco, com excessão do Qoricancha, onde se paga uma entrada de 10 s/ adulto e 5 s/ estudantes com carteirinha ISIC.
Há um outro city tour em Cusco, que é feito num ônibus panorâmico, mas dura bem menos tempo e se anda somente na cidade, não visita os sítios arqueológicos.
Qoricancha
Qoricancha, ou Inti Wasi significa Templo do Sol. Era o templo Inca mais importante em Cusco. A visita ao Qoricancha é paga à parte mesmo por quem tem o boleto turístico de Cusco. A entrada é 10 s/ e a carteirinha ISIC é aceita.
No Qoricancca eram feitas cerimônias, estudos matemáticos e astronômicos. A disposição das pedras é perfeita e por isso se sabe da importância daquele lugar para o povo Quechua. Lá ainda estão ruínas dos templos:
– Do Sol
– Da Lua
– De Vênus e das Estrelas
– Dos Raios, relâmpagos e trovões
– Do Arco-Íris
O local é interessante mas, para mim, bem triste. No Qoricancha é permitido tirar fotos mas não das pinturas.
Do lado de fora pela Av El Sol se acessa o Museu do Qoricancha, que está incluido no boleto turístico.
O Qoricancha é o primeiro lugar visitado no city tour de Cusco e fica bem dentro da cidade, de fácil acesso.
O Qoricancha funciona de segunda a sábado das 08:30 às 17:30 e no domingo das 14:00 às 17:00 Horas.
Saqsayhuaman
De todos os sítios do city tour achei Saqsayhuaman o mais legal. Pedras enormes e uma ótima vista da cidade ilustram a história desse local. É em Saqsaywaman que atualmente se realiza o Inti Raymi, festival religioso em homenagem ao Deus Sol. A cidade de Cusco fica lotada para o tradicional festival.
A história mais aceita diz que Saqsaywaman era uma fortaleza, mas pelo cuidado na colocação das pedras se desconfia que o local foi palco para cerimônias importantes da época Inca.Lá algumas lhamas pastavam despreocupadamente e uma senhora vestida a caráter esperava os turistas para fotos em troca de uma “propina”.
Em Saqsayhuaman experimentamos pela primeira vez os choclos, que são milhos grandes e deliciosos servidos com um pedaço de queijo tipo minas. Não deixe de experimentar, 2,5 s/ somente! Aliás, milho é o que não falta na região. Há de todo tipo, tamanho e cor. Incrível! As mulheres que vendem os choclos em Saqsayhuaman ficam no estacionamento do sítio arqueológico.Vá preparado para Saqsayhuaman. Lá venta muito e faz muito frio!
Pukapukara
Logo na chegada em Pukapukara, bem onde param os ônibus e carros, os nativos ficam vendendo seus artesanatos. Confesso que não perguntei preço pois não daria mesmo tempo para comprar nada. Ali também vendem chá de coca quentinho e algumas frutas. Em Tambomachay, próxima atração do city tour, a feirinha é bem maior e os vendedores ficam o tempo todo assoprando uma espécie de apito que faz barulho de pássaro para chamar a atenção dos turistas.
Pukapukara é um sítio mais simples mas com uma vista linda para o vale. O guia nos contou que Pukapukara funcionava como uma espécie de armazém de alimentos onde ficavam estocados os diversos produtos trazidos a Cusco. Mas Pukapukara também funcionava como alojamento para pessoas que vinham de fora da cidade.A visita a esse sítio é bem rápida pois não há muito o que ver.
Tambomachay
Tambomachay é o local mais alto que chegamos no city tour. De todos os sítios que visitamos, foi também o mais puxado. O problema é que para chegar nas fontes e nas ruínas, precisamos subir uma ladeira. E aí, já viu né? Na altidude tudo é mais difícil. Nada que um passo atrás do outro não resolva, mas cansa um cadinho. :)
Disse-nos o guia que já foram feitos vários estudos a fim de descobrir de onde vinha a água das fontes de Tambomachay mas até o momento ninguém descobriu a fonte de onde os Quechuas canalizaram a água. Encontraram várias possíveis nascentes e colocaram na água uma coloração que não chegou às fontes de Tambomachay. O mistério permanece.
A água era extremamente importante para o povo Quechua, que escondia as fontes para que seus inimigos não envenenassem a água na intenção de matar seus reis. Levavam muito a sério o trabalho de condução da água.Em Tambomachay há uma pequenina feira de artesanato também muito interessante, com produtos muito bonitos e as tradicionais senhoras vestidas a caráter para fotos com turistas.
A água das fontes do sítio arqueológico de Tambomachay não é potável.Tambomachay é o ponto mais alto do city tour com 3.675m. Qualquer ladeirinha ou escadinha parecem eternas. Tudo cansa.
Q’enqoInfelizmente chegamos a Q’enqo já anoitecendo e na correria e não pudemos explorar o sítio. Não sei se pelas condições da luz ou por ser mesmo mais simples, não gostei muito do local Q’enqo. Mas de lá se tem uma bela vista da cidade de Cusco.
O guia nos levou diretamente para o uma câmara subterrânea onde há um altar. Nesse altar, disse o guia, sacrificavam crianças e lhamas. Lojinha de roupasAo final do tour o guia nos levou para cumprir a parte comecial da excursão. Paramos numa loja que vende roupas de lã de alpaca. Um homem explicou como reconhecer a lã de alpaca adulta e alpaca bebê para não sermos enganados nas feiras. A diferença é no peso, no toque e no brilho dos tecidos que são realmente lã de alpaca e os que não são. A lã de alpaca não tem brilho, pesa mais e tem o toque meio frio. Interessante, mas os preços dos produtos dessa loja são salgadinhos. Dá pra pechinchar, claro, mas os descontos não são dos melhores. Toda hora o guia falava “senhores, não comprem nas feirinhas que econtrarmos no caminho pois ao final iremos numa loja com preços melhores”. Não pesquisei o preço das peças nas feirinhas em Pukapukara e Tambomachay, mas o centro comercial de Cusco é bem mais barato que essa loja.
O city tour de Cusco se resume a isso. Os sítios são interessantes e estão, todos eles, dentro da cidade. Certamente vale a pena conhecer os sítios, independente da maneira que você escolher. São locais que contam um pouco da história do povo Quechua e seus Incas e servem como preparação para o que vamos ver em Machu Picchu. Meu conselho é que o city tour, bem como qualquer visita a ruínas, seja feito antes da visita à cidade Inca nas montanhas pois depois de machu Picchu, tudo fica meio ofuscado e simples demais. ;)Outros posts sobre o Peru:
– Águas Calientes (ou Machu Picchu Pueblo), no caminho para a cidade dos Incas
– Museu Histórico Regional de Cusco
– Museu Inca de Cusco
– Hotel Inti Pata, Águas Calientes
– Onde comer em Cusco e região gastando pouco
– Valle Sagrado de Los Incas – Parte II: Ollantaytambo
– Valle Sagrado de Los Incas – Parte I: Pisaq
– Salineras de Maras, Terraços de Moray e lã em Chinchero, Peru
– Soroche ou mal da altitude. O que é e como evitar
– Hotel Royal Qosqo, Cusco
– Como chegar a Machu Picchu e retornar a Cusco
– Cusco: o umbigo do mundo fica no Peru
– Preparando uma viagem a Machu Picchu, Peru
– Machu Picchu, a cidade Inca nas montanhas
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17 Comments
RODRIGO
28 de agosto de 2014 at 14:35Ola , gostei muito do post , Estou viajando e gostaria de ir com agencia . Voce comprou aqui no Brasil ou quando chegou ? qual mas o menos o custo ?
Camila Guerra
31 de agosto de 2014 at 00:27Oi Rodrigo!
Comprei lá mesmo na hora pois é muito mais fácil você conseguir descontos, especialmente se comprar outros passeios com a mesma agência e se conseguir se unir a mais pessoas. Éramos 4 pessoas e isso me deu um “poder de negociação” melhor.
Não me recordo om valor desse tour pois comprei várias coisas juntas. O pacote em 2013 saiu a U$ 150 e incluía várias outras coisas.
[]’s
danubia
19 de fevereiro de 2014 at 17:43Oi Camila, td bem? Estou adorando seus relatos sobre o Peru ;)
Vc acha que é necessário levar muitas roupas de frio? vou no inverno (junho) e acho que corro o risco de congelar… estava pensando em comprar roupas quentes típicas de lá mesmo, será que elas dão conta?
bjos
Camila Guerra
19 de fevereiro de 2014 at 21:48Oi, Danubia!
Olha, acho que as roupas de lá até dão conta sim, as lãs são quentinhas mas te aconselho a levar (ou comprar lá) um casaco impermeável. Há locais onde venta muito e só a lã ou o moleton não dão conta. Acho que o ideal é você se vestir em camadas pra poder ir tirando ou colocando as peças de cima caso o tempo mude. A região é bem fria e nessa época vai precisar de gorrinho, luvinhas e meias quentinhas. Isso tudo você acha lá, inclusive o casaco impermeável pois além das feirinhas, há muitas lojas que vendem produtos de montanha como fleeces, casacos e calças impermeáveis, botas e tal.
[]’s
danubia
20 de fevereiro de 2014 at 15:41ah, que bom :) muito obrigada, li tb sobre petrópolis em seu site, muito bom! conheci no ano passado e foi bom matar a saudade.
super beijo!
Camila Guerra
20 de fevereiro de 2014 at 15:53Falo bastante sobre Petrópolis pois moro aqui. Tenho que falar da terrinha, né? :)
[]’s
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