A visita a Maras e Moray é dos passeios que realmente valem a pena na região de Cusco, Peru.
Fizemos com agência saindo do hotel por volta das 9h e retornando por volta das 15h. Nosso guia foi muito bacana, conhece muito a região e nos explicou tudo com muita propriedade. Mas o ideal é contratar um taxi e fazer esse passeio num dia inteiro. Por que? O passeio com agência é uma correria só. Vou explicar.
Chinchero
Como a maioria dos passeios feitos com agência, há sempre a parte comercial e nesse não foi diferente. Nossa primeira parada do dia foi em Chinchero, onde há ruínas Incas, mas que não visitamos. As ruínas de Chinchero estão incluidas no Boleto Turístico que compramos.
A parada foi estratégica e, pelo que percebi, cada agência faz parada em uma casa diferente. Numa dessas casas encontramos várias mulheres vestidas à carater. Paramos em uma para aprender como é tratada a lã de alpaca, que é matéria prima de grande parte das roupas vendidas na região.
No caminho nosso guia explicou sobre a vestimenta típica que as mulheres da região utilizam. O preto é considerado sagrado e significa terra. O vermelho é sinônimo de amor. Estão sempre de saia preta e blusa vermelha representando seu amor pela terra.
Também no caminho o guia nos mostrou que no telhado de várias casas (a grande maioria) tem uma cruz e dois búfalos. A cruz, claro, representa a religião cristã e significa que aquela família segue o cristianismo. Os búfalos simbolizam força e proteção para a casa. Quando em par, indicam que ali vivem um homem e uma mulher. São símbolos que vemos comumente nas casas da região.
Fomos recebidos com chá de muña. Uma erva mentolada que melhora os sintomas da altitude. Gostoso, mas sem açúcar achei difícil de levar. Tomei assim mesmo pois estava quentinho e fazia muito frio. Brrr….
No local havia bancos de madeira onde nos sentamos para ouvir a explicação de uma das moças sobre a preparação da lã. Muito interessante, mas preste bastante atenção pois ela fala rápido! A explicação toda foi dada em espanhol e inglês com os dois idiomas tropeçando um no outro o tempo todo.
Depois da explicação, somos convidados a comprar os produtos produzidos naquela região. As peças são todas muito bonitas e ficam expostas em uma grande banca, mas os preços não são os mais baratos. Dá vontade de comprar pelo menos para ajudá-las um pouco pois é uma região bastante pobre. O guia explicou que aquela região é toda rural e que somente há pouco tempo atrás as mulheres começaram a trabalhar produzindo os produtos que são vendidos aos turistas. Os homens ainda trabalham nas lavouras.Duas dicas: leve um saquinho de açucar para adoçar o chá de muña e leve papel higiênico. Há banheiro no local, mas não há papel higiênico.Terraços de Moray
Ok, pé na estrada de novo. Agora a caminho de Moray. Passamos por lindas paisagens, com picos nevados ao longe, campos floridos e vários pastores velhos e jovens trabalhando com seus rebanhos.
Uma paisagem rural muito bonita e tranquila ilustra o trajeto. Parte da estrada até Moray é de terra, mas boa e bem cuidada. Aproveite o trajeto para apreciar os campos, os pastores e as montanhas tranquilas de uma vida que parece acontecer devagar, aos poucos.Em Moray você tem que apresentar seu boleto turístico ou comprar a entrada para visitar os terraços. E sim, é um lugar fantástico.As vans param em um estacionamento de onde podemos ver lindos campos
Os Quechuas construiram os terraços em uma depressão natural do terreno. Moray funcionava à época como um laboratório agrícola para adaptação de plantas à altitude. As plantas originárias de regiões mais baixas e que não sobreviveriam à altitude, como é o caso da coca, eram plantadas na base dos terraços. Quando os agricultores viam que a planta havia se desenvolvido bem e estava bem adaptada, transferiam-na para o terraço imediatamente acima. Um sistema incrível. Mais incrível é constatar que o guia tem razão: na base dos Terraços de Moray, faz muito mais calor do que na parte de cima. Comecei a descer com uma blusa grossa de fleece. Quando cheguei na base dos terraços estava sonhando com um short e uma camisetinha bem leves…. :PA vista na chegada impressiona. A foto abaixo ilustra uma parte do local com os terraços principais. Está vendo aqueles dois pontinhos na base dos terraços? Pois é, são pessoas. O lugar é alto!
Descemos calmamente para não sair rolando morro abaixo e nem levar um tombaço nas escadas mal projetadas que unem um terraço ao outro. Sim, a diferença de altura entre um e outro terraço é bem grande e entre os degraus das escadas também. Eu e Marcos nos perguntávamos a toda hora como os Quechuas, que eram relativamente baixos, fizeram aquelas escadas com diferenças tão grandes entre um passo e outro… não sei. Mas a verdade é que lá, descer também cansa.Mal chegamos lá embaixo o o guia já estava nos chamando para subir. Que correria! E quem disse que o pulmão da gente aguenta trabalhar feito louco naquela altitude toda e ainda subindo aquelas escadas desengonçadas? Quem disse?Chegamos lá em cima cansados e logo partimos para conhecer as Salineras.
Salineras de Maras
No caminho até Maras, mais paisagens e mais cliques. Mesmo dentro da van ainda conseguimos registrar alguma coisa.
Na ida para Moray já havíamos passado dentro da cidade de Maras. Para chegar às Salineras, passamos novamente. Parece uma cidade fantasma. E o mais curioso é que você vê casebres muito pobres, acabados e que parecem estar caindo aos pedaços. Primeiro pensamento é: “esse povo vive em extrema pobreza”. Pois aí é que você se engana. Passamos por casas muito precárias onde havia um carrão novinho em folha na garagem. Ué? Perguntamos ao guia. Por incrível que pareça, o pessoal de Maras tem boa situação financeira. Como? Ganham uma boa grana exportando o sal que retiram das salineras. Vai todo pro Japão. Curiosa como só eu, perguntei mais e o guia explicou que não melhoram as casas pois não moram lá. Passam temporada somente e quando ela acaba, vão embora e a cidade fica abandonada. Mas que coisa mais improvável, não é?Andamos mais um pouco e chegamos às salineras. Que coisa incrível!São cerca de 4.000 poças e cada família de Maras tem a sua. Quando as famílias são muito numerosas, têm duas poças. É um sistema super interessante. Quando chove o sal se mistura com a água e as poças ficam de cor barrenta. As famílias são responsáveis por cuidar das poças e extrair o sal. No período da seca, a água das pocas evapora e o sal forma uma crosta, possibilitando a extração. As poças são passadas por herança e não podem ser vendidas, doadas, trocadas. Somente o povo de Maras tem poças nas salineras.
Chegando lá, molhe a mão na água salgada que corre pelos condutores entre as poças e sinta a água. Ela é “grossa”, melosa e MUITO salgada. A água do mar contém cerca de 35g de sal por litro. Nessas águas que correm pelas poças, a concentração é de 250g por litro.O lugar é surreal. Fiquei lá olhando tantas poças, algumas estão lá desde a época dos Incas. Todo o sal retirado das salineras é vendido ao Japão e essa é a fonte de renda das famílias daquela região.
Você pode andar entre as poças, mas tome cuidado para não escorregar. Dica: não vá com sapato que esteja muito gasto ou tenha solado muito liso pois você não conseguirá andar entre as poças. Sério, escorrega.Para conhecer as Salineras de Maras você paga 7 s/ na entrada. Esse ticket não está incluído no boleto turistico e não há desconto para estudantes. O dinheiro das entradas pertence às famílias de Maras.

As poças são escavadas na montanha, coladas umas às outras. A fonte de água salgada irriga todas elas, uma a uma
Enfim, passeio imperdível!! Não deixe de ir.
Outros posts sobre o Peru:
– Águas Calientes (ou Machu Picchu Pueblo), no caminho para a cidade dos Incas
– Museu Histórico Regional de Cusco
– Museu Inca de Cusco
– Hotel Inti Pata, Águas Calientes
– Onde comer em Cusco e região gastando pouco
– Valle Sagrado de Los Incas – Parte II: Ollantaytambo
– Valle Sagrado de Los Incas – Parte I: Pisaq
– Soroche ou mal da altitude. O que é e como evitar
– City tour de Cusco pelas ruínas Incas
– Hotel Royal Qosqo, Cusco
– Como chegar a Machu Picchu e retornar a Cusco
– Cusco: o umbigo do mundo fica no Peru
– Preparando uma viagem a Machu Picchu, Peru
– Machu Picchu, a cidade Inca nas montanhas
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19 Comments
Aline Salomão
23 de março de 2024 at 21:06Adorando o blog e gostaria de perguntar. Se fizermos o passeio de taxi, tem guia para contatar na entradas dos parques (maras e moray)?
Camila Guerra
24 de março de 2024 at 09:59Olá, Aline!
Não sei te dizer como está hoje em dia mas, diferente do que acontece em Machu Picchu, onde há muitos guias disponíveis, quando fomos não me lembro de ter visto guias disponíveis na entrada desses passeios. Mas com certeza o seu hotel ou o centro de informações turísticas da cidade vão saber informar.
Você pode também pedir no hotel uma indicação de taxista que conheça a região e que possa fazer a parte explicativa. Muitos taxistas conhecem bem a região e a história do país e estão acostumados a fazer esse serviço. Aqui é importante ter cuidado com a indicação para não pegar um pessoa que te ofereça uma explicação muito “rasa”.
Outra opção é contratar um guia na cidade e levá-lo no carro com vocês.
Em alguns tours que fizemos notamos alguns “penetras” acompanhando o grupo, então, se quiser arriscar, pode perguntar ao guia de algum tour se você pode acompanhar a explicação, mesmo que pague algo a ele para seguir o grupo… Caso queira maior segurança, pode conversar nas agências, explicar que vai por conta própria mas que gostaria da explicação do guia. Os peruanos são muito “bons de jogo” e podem te vender só o serviço do guia. O único problema dessa última opção é ter que respeitar os horários dos tours e talvez eles cobrem um valor não muito interessante. Negocie sempre, em todas as hipóteses.
Abraço.
Laura
6 de junho de 2014 at 17:32Oi, Camila! Estou adorando ler o seu blog, está ajudando muito na minha programação de viagem. Parabéns pelo trabalho! Gostaria de informações sobre a alimntação neste passeio. Você informou que o passeio foi das 9-15h aproximadamente, então vocês almoçaram por lá? Se sim, como foi? Obrigada!
Camila Guerra
6 de junho de 2014 at 19:25Oi Laura, obrigada!
Chegamos de volta a Cusco lá pelas 14:30-15h e almoçamos em um restaurante em Cusco mesmo. Para o passeio levamos biscoitos e outros lanchinhos na mochila. Em Maras eles vendem algumas coisinhas, mas nada de almoço.
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5 de agosto de 2013 at 23:22Pingback:
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12 de julho de 2013 at 22:37Aline
2 de julho de 2013 at 20:03Camila estou adorando suas dicas e fotos, sou amante de fotografia, acabei de voltar de um workshop fotográfico no atacama, lá siamos sempre de madrugada pra pegarmos a melhor luz para as fotos e tínhamos tempo pra tira-las e parar nas paisagens que íamos encontrando pelo caminho… por isso fiquei preocupada quando disse sobre o tempo, você saberia me dizer se ficaria muito mais caro contratar um táxi pro dia todo do que ir pela agência? E se lembra do valor pago por esse passeio? Obrigada, Aline Bedin.
Camila Guerra
2 de julho de 2013 at 22:04Oi Aline, obrigada!
Olha, fica mais caro sim mas não sei te dizer quanto pois não cheguei a ver valores com taxi. De qualquer maneira, se o objetivo é fotografar, não tenha dúvida que contratar um taxi vai te trazer muito mais benefícios!
Fui dar uma olhada nas minhas anotações sobre preços pra te dar uma resposta melhor. Na Peru Golden eles me ofereceram esse tour por 50s/. Na Puma Trek era 30s/. Mas, no geral, o pacote com todos os passeios ficou mais barato na Peru Golden. Então não sei te dizer no fim das contas a quanto saiu o tour para Maras e Moray pois o desconto foi concedido do total. Vi um pessoal comentando sobre 120s/ o taxi para o dia todo mas não sei se ainda é isso.
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