Cerca de 23 anos depois voltei à Pedra das Flores com os amigos do grupo Trilhas na Serra. Dessa vez, para um pernoite bem organizado, na expectativa de um lindo pôr e nascer do sol. Infelizmente o tempo não colaborou muito com nosso objetivo, mas proporcionou bons momentos e bons registros de ótimas experiências vividas com amigos.
O tempo estava instável. Em nosso ponto de encontro, ainda no centro de São José do Vale do Rio Preto, choveu um pouco algumas vezes. Resolvemos prosseguir e já pertinho da entrada da trilha, quase desistimos. O céu estava carregado e chovia. Mas a minha teimosia de taurina inveterada não aceitou essa derrota e, assim, resolvemos subir.
A trilha é relativamente curta, mas nem por isso, trivial. Depois de uma subida dentro da mata, descemos por um trecho sem proteção da mata, mas com um lindo visual. A trilha desemboca em um pequeno riacho na pedra, área do primeiro acampamento. Paramos lá para um lanche, um papo, um descanso e seguimos em frente. Alguns não pernoitariam e não podíamos perder muito tempo.
O caminho é bem demarcado e em alguns trechos confusos na pedra há setas riscadas na pedra para orientar o caminhante. Em seguida chegamos finalmente em uma pedra bem íngreme. É possível subí-la sem corda, mas nossos mochilões dificultaram a tarefa e subimos com o auxílio de uma corda.
Depois disso o caminho é feito todo em pedra e pode ser um pouco confuso para os marinheiros de primeira viagem. Nesse trecho é importante estar com um bom calçado, que não escorregue.
Chegamos no acampamento 2, montamos nossas barracas e partimos para subir a pedra final e chegar na Pedra do Cupim, onde a vista é linda demais. É, mais pedra. Íngreme e chatinha também. Os amigos levaram corda para facilitar a subida/descida, mas eu e Marcos carregávamos o tripé na mão e preferimos subir e descer sem a corda. Deu tudo certo, descemos bem, mas meu joelho (que já anda revoltado) reclamou, me impedindo de subir no dia seguinte.
Havia muitas nuvens carregadas e sentíamos alguns pingos de chuva vez ou outra. Mas essa condição nos proporcionou fotos com visual mais “dramático”.
Desse local é possível avistar o majestoso Dedo de Deus e algumas outras montanhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Mas nesse dia os picos estavam todos encobertos.
Nesse lugar lindo só nos resta contemplar a agradecer pela beleza da natureza e pela companhia dos amigos.
Na primavera, o lugar faz jus ao nome, enchendo-se de flores de variados tipos e belezas, encantando até os olhares mais indiferentes.
Resolvemos não esperar a lua nascer e descemos para matar o monstro que, àquela altura, havia acordado no nosso estômago. Preparei um jantar dos deuses: miojo com atum. :)
Papeamos bastante, tiramos mais fotos e a cada minuto noite adentro, colocávamos mais roupa. Quem disse que São José do Vale do Rio Preto é quente sempre? A noite de inverno em Pedra das Flores é fria.
Alguns amigos prepararam uma “sopa comunitária” e aproveitaram o bom clima para levar o papo até a hora de dormir.
Nós ficamos rodando pelo local experimentando algumas fotos.
Ficamos chateados em saber que foi permitido, pelo município, o uso do local para trilhas de moto. Nada contra o pessoal das motos, mas aquela trilha não é lugar pra elas. Há muitos outros locais na cidade que as motos podem usar. A trilha para Pedra das Flores é monumento natural da cidade das Águas de Março, e deveria continuar assim. Além disso, o local é uma unidade de conservação e isso, você deve saber, não combina com motocross, certo?
No acampamento 2 está a nascente de um rio e dormimos com aquele som da água correndo melindrosa montanha abaixo. Eu senti frio durante a noite e Marcos, calor. :)
Acordamos cedo, Marcos saiu da barraca e voltou com a notícia de que o tempo estava ruim, fechado, todo cinza. Desanimei de forçar meu joelhinho magoado pedra acima e fiquei por ali mesmo, matando a preguiça, enrolada no saco de dormir. Alguns corajosos subiram na esperança de ver o sol nascer. Quando tomei corgem, levantei, preparei um café, lanchamos e rodamos mais um pouco pelo local em busca de algumas outras fotos.
A manhã avançava e tínhamos que descer pois eu ainda precisava trabalhar à tarde. Uma parte do grupo já havia descido logo bem cedo, mas uma outra parte ficou lá até o fim da tarde, apreciando o dia que depois limpou totalmente e rapelando no local.
Chegamos em casa cansados, mas felizes. Eu especialmente por ter voltado depois de tantos anos a um lugar tão especial. E dessa vez, sem micuins! :)
O Fabiano R. de Souza tem belas fotos da cidade das Águas de Março em seu Flickr, onde Tom Jobim tinha um sítio e onde compôs essa linda música. E um vídeo sobre Pedra das Flores, do Roberto Perez.
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2 Comments
Shirlei Bastos
16 de julho de 2014 at 12:48Lugar maravilhoso com pessoas pra lá de especiais!!! Amei ter conhecido Pedra das Flores, muito obrigada!!!!Bjsss
Camila Guerra
16 de julho de 2014 at 13:39Também adoramos! Obrigada pela companhia! ;)
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