A fofa e pequenina vila medieval de Óbidos é rica em beleza e em história. Abraçada pelas muralhas de seu antigo castelo, saltou-me aos olhos logo no início das minhas pesquisas sobre o país, quando ainda estava começando a montar o roteiro. Foi por causa dela que resolvemos alugar um carro e fazer uma parte do roteiro dessa forma.
Como chegar
Óbidos é uma pequena cidade que fica a cerca de 1 hora (85 km) de carro de Lisboa, mas nós partimos para lá de Cascais, onde alugamos o carro.
É possível chegar em Óbidos de trem, transporte que usamos muito no país, mas me pareceu uma empreitada demasiado trabalhosa e arriscada pela falta de opções. Além disso, a estação fica distante da vila histórica e subir até lá carregando mala não estava nos meus planos. Para quem vai com mais tempo e não quer alugar carro, talvez seja necessário baldear, usando a cidade vizinha (e maior) de Caldas da Rainha como ponte para chegar a Óbidos.
Pode-se também chegar a Óbidos de ônibus ou excursão, mas tudo isso vai depender de onde você está partindo, claro.
Ir de carro foi para nós uma tranquilidade e um grande adianto. Pertinho da vila medieval há dois estacionamentos. Um menor e asfaltado, também mais caro, e um outro de terra, maior e mais barato, que fica aos pés do aqueduto. Foi nesse que deixamos o carro para um pernoite, que nos custou cinco euros em 2018.
Do estacionamento até o nosso hotel caminhamos puxando nossas malinhas, que são bastante compactas, e deu tudo certo. Em alguns poucos trechos tivemos (leia-se Marcos teve) que levá-las “no muque”, mas nada que nos atrapalhasse. Fomos arrastando as malinhas sempre buscando a fileira de pedras longas que davam estabilidade às rodinhas.
Onde ficar
Hospedagem é o que não falta por lá, tanto nos arredores da vila medieval quanto dentro das muralhas do castelo, encontra-se de tudo e para todos os bolsos.
Nós optamos por pernoitar dentro das muralhas e, quando reservei o Foral Guest House, a localização dele influiu na minha decisão, já que era uma das acomodações com bom preço que ficavam mais próximas da entrada da vila, na parte interna.
O Foral é bem pequenino, assim como a grande maioria dos estabelecimentos de Óbidos. Os cômodos são bem apertadinhos, mas bem práticos, limpos e arrumados. Na sala da “recepção” há frutas, muffins, balas, água, chá, açúcar, frigobar, que você pode consumir/usar de graça. Ao lado fica o restaurante do hotel, onde jantamos esse delicioso bacalhau com um vinho branco para acompanhar:
Além das acomodações normais, há também o requintado hotel que fica dentro do castelo e que chama-se Pousada Castelo de Óbidos.
Mais caro, claro, mas pode ser uma boa opção para uma viagem de lua de mel, um pedido de casamento, uma data comemorativa ou para aqueles dias em que queremos fazer um agrado a alguém especial ou a nós mesmos.
E, claro, como escritora que sou, não podia deixar de mencionar o The Literary Man Óbidos Hotel, que é um hotel temático e muito bacana voltado para os livros. E, por falar em livros, apesar de pequenina, há algumas livrarias na vila e ela também hospeda um festival literário internacional.
Além desses, há uma grande variedade de opções de hotéis em Óbidos para você escolher. E, sim, reservando pelos links desse post nós aqui do blog ganhamos uns “cascalhos” do Booking, o que nos ajuda a manter esse material.
Um tico de história
Em palavras breves, Óbidos foi retomada dos mouros em 1148 por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal e homem que constituiu o país. O mais curioso, no entanto, é que ao longo de sua história, a cidade fez parte do dote de diversas rainhas de Portugal, que a recebiam de seus consortes como presente de bodas. Talvez por isso, Óbidos ostente essa atmosfera especial, de cidade que recebeu muito cuidado.
O que fazer
A maior atração da Vila de Óbidos é a vila em si, suas muralhas e a cidade que elas acolhem.
Não há acessibilidade nas muralhas, infelizmente, porque elas só podem ser alcançadas por longas escadarias antigas e irregulares. Então, prepare-se para um sobe-desce constante com lindas vistas da cidade e da região rural que a rodeia, com seu típico aroma de flor de laranjeira, cujos frutos experimentamos em suco e recomendamos também. Melhor suco de laranja da vida.
Depois de conhecer a vedete de Óbidos, desça e perca-se pelas ruazinhas de pedras portuguesas e suas inúmeras lojinhas de Ginja e de lembrancinhas que se amontoam umas às outras, reunindo muitos turistas.
Para os religiosos ou afeitos ao simbolismo cristão, Óbidos, assim como Portugal de cabo a rabo, é um prato cheio. Há diversas igrejas, sinos e símbolos cristãos para todo lado, caracterizando a cultura daquele povo e sua história de fé.
Outra construção interessante, essa fora das muralhas, é o aqueduto com seus 3 km de extensão e onde fica o estacionamento mais amplo.
Quando as pernas ou as solas dos pés começarem a reclamar das pedrinhas portuguesas, sente-se para um vinho (se beber, não dirija, lembra?) em um wine bar ou para almoçar em um dos agradáveis restaurantes e curtir a atmosfera da vila.
Não se esqueça de levar uma câmera ou um celular. Tenho certeza de que vai querer tirar muitas fotos.
Caso queira mais movimento, programe-se para visitar a vila em épocas de festas, quando tudo se transforma. Aqui vão algumas delas para você considerar:
– Feira Medieval, ocasião em que recriam as construções e atividades da Idade Média com trajes e comidas típicas, danças e batalhas e muitas atrações para a criançada;
– Natal, com direito a pista de patinação no gelo e tudo o que envolve o inverno europeu;
– Festival Literário Internacional;
– Festival do Chocolate, com esculturas de chocolate do tamanho de pessoas e muita comilança.
O tempo não nos ajudou muito e pegamos curtos minutos de mormaço com vários momentos de chuviscos, como fica evidente nas fotos. Mesmo assim, batemos perna o dia todo pela cidade, enchemos a cara de ginjinha no copinho de chocolate e ficamos com-ple-ta-men-te exaustos.
Além do cansaço da viagem em si e das caminhadas, soma-se a isso o desconforto de andar pelas ruas de pedrinhas portuguesas, tão comuns no país todo. Recomendo fortemente que vá com um sapato bastante confortável e com solado estável. Não use sapatilhas com solados finos, nem sandálias havaianas. Vista algo que te dê uma boa estabilidade na pisada, ou a sola dos seus pés vai reclamar bastante depois. Por falar nisso, para evitar ou cuidar de bolhas nos pés, veja o que fazer no nosso artigo “10 maneiras de evitar bolhas nos pés”.
Depois do jantar tiramos um breve cochilo para repor algumas energias e fomos caminhar pela vila à noite. O melhor de tudo, de câmera na mão e sem medo de sermos assaltados. Apesar do calorzinho do dia, à noite faz muito frio.
No fim de maio a cidade estava deserta à noite e isso pode influir na sua decisão de ficar ou não hospedado ali. Para os mais afeitos aos ambientes badalados, pode ser melhor pernoitar em Óbidos em dias de festividades ou, talvez, na alta temporada. Mas se o silêncio te atrai, passe a noite e tenha a cidade só para você.
Pernoitar em Óbidos foi uma excelente escolha, pois nos permitiu conhecer bem a vila, fazer tudo com calma e pegar as ruelas vazias na manhã seguinte. Com isso, tomamos o café da manhã (lá, pequeno almoço) com calma na padaria Capinha de Óbidos, onde vemos o pão sendo fabricado e assado ali, do nosso ladinho, e compramos nossas lembrancinhas sem precisar pisotear ninguém. No meio da manhã a cidade começa a receber muitas excursões de turistas, especialmente nos meses de verão.
Mas, sim, é possível conhecer Óbidos em um único dia e sem pernoite, talvez em um bate-volta de Lisboa, ou de uma cidade vizinha ou no caminho para outra, mas prepare-se para lamentar a partida precoce quando chegar a hora de seguir viagem.
Mesmo pernoitando lá, deixei Óbidos com a sensação de que foi pouco, de que podia ficar mais, de que ainda havia muito para ver.
Seja por um dia, dois, ou meio, recomendo muito uma visita a Óbidos. Essa vila charmosa e histórica vai ficar no seu coração assim como ficou no meu. Tenho certeza.
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7 Comments
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17 de abril de 2020 at 19:14Johnnie Lustoza
13 de janeiro de 2020 at 11:18Óbidos é linda. É bom demais passar horas sentado nas mesas nas calçadas e desfrutar de toda paz que a cidade passa. Fora a ginja, que é excelente por lá rsrs.
Camila Guerra
13 de janeiro de 2020 at 19:35Verdade, Johnnie. Daqueles lugares que a gente não cansa de curtir.
Obrigada pela visita!
[]’s
luiz carlos Carvalho
11 de novembro de 2019 at 22:42De Portugal apesar de ser de Moimenta da beira Rua Rachada meus lugares favoritos são Óbidos e Aveiro
Camila Guerra
12 de novembro de 2019 at 11:34Olá, Luiz Carlos!
Ainda não visitamos Aveiro, mas parece uma cidade muito interessante. Sempre leio bons comentários.
A Óbidos eu voltaria mil vezes.
Obrigada pelo comentário!
[]’s
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9 de agosto de 2019 at 00:10Pingback:
8 de agosto de 2019 at 23:45