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Ponto mais alto que chegamos em Cusco: 3.675m em Tambomachay

Soroche ou mal da altitude. O que é e como evitar


Havia prometido um post sobre o famoso e temido soroche. Quando fomos a Cusco enfrentamos altitude de 3400-3800m. Claro que, antes de ir, pesquisei muito a respeito na tentativa de evitar ou diminuir os sintomas. Vou contar para vocês o que eu descobri na teoria e na prática.

Quase não comprei as passagens na promoção incrível da LATAM. Há pouco mais de um ano passei por uma cirurgia no pulmão, ocasião em que perdi metade do meu pulmão esquerdo e ganhei de brinde uma chata duma asma. Essa confusão toda se deu por conta de um problema para o qual, até hoje, nenhum dos 30 médicos que visitei conseguiu me dar um diagnóstico. Pois é, fiquei meio apavorada com isso e achei que meu pulmãozinho não ia dar conta. Encuquei, desisti, repensei… Fiquei com o maior medão da altitude e só depois de conversar com meu médico é que resolvi arriscar. Como eu me senti lá? No geral muito bem, com algumas observações que faço abaixo ao longo do texto.

Ponto mais alto que chegamos em Cusco: 3.675m em Tambomachay

Ponto mais alto que chegamos em Cusco: 3.675m em Tambomachay


O que é soroche ou mal da altitude?

O soroche (ou puna) é o que sentimos quando estamos acostumados com baixas altitudes e viajamos para lugares mais altos. Também conhecido como mal da montanha ou mal da altitude ou doença da altitude elevada, provoca muitas reações em nosso organismo. Entre elas: enjoo, dor de cabeça, dor no estômago, vômito, tonteira, falta de ar, aumento da frequência cardíaca e dificuldades para dormir. Formigamentos e dormências nas mãos também são sentidos por algumas pessoas.

Não são todas as pessoas que têm reação às mesmas altitudes. Algumas pessoas apresentam apenas leves sintomas, outras apresentam sintomas mais fortes. Quanto maior a altitude, mais pessoas são afetadas e mais graves são as reações. Não há como saber se você será afetado ou não. Só indo lá e testando na prática.

Mas afinal, que negócio é esse? Bem, explicando direitinho, nosso sangue possui uma quantidade de oxigênio essencial para a nossa vida. Todo o oxigênio que coletamos vem através da respiração. Em locais mais altos, a pressão atmosférica diminui e o ar é mais rarefeito e, portanto, tem menos oxigênio disponível. Já deu pra entender, né? Se há menos oxigênio no ar, quando respiramos coletamos menos oxigênio do que nosso organismo está acostumado. Aí é que o soroche aparece. Ele é nada mais que o resultado da tentativa de adaptação do seu corpo à nova realidade.

É importante entender que a grande maioria das pessoas não vai sentir diferença logo quando sair do avião. Isso acontece pois ainda há oxigênio no sangue, que o organismo vai consumindo aos poucos. Essa reserva nos dá a falsa sensação de “Opa, escapei do soroche!”. Não se iluda pois é provável que ele venha dizer olá quando você menos espera.

O que fazer para amenizar/evitar o soroche?

Há algumas maneiras de amenizar o soroche e em alguns casos até evitar. Algumas dicas para você não sofrer tanto:

– Vá subindo devagar. As pessoas que pretendem atingir altitudes muito elevadas devem chegar a elas devagar. O ideal é fazer paradas em cidades mais baixas, aclimatar e depois partir para cidades mais altas. Assim o organismo tem tempo de se adaptar. Chegar direto a grandes altitudes pode até ser fatal. Nós fomos direto para Cusco, que fica a 3400m. Alto, mas nem tanto.


– Descanse. Essa é a regra de ouro! Descanse! Mesmo que você não esteja se sentindo mal ou cansado, ficar um tempo sem forçar seu organismo é essencial para que tudo corra bem. Por quê? Simples: voltando lá na explicação que dei acima sobre o que é o soroche, quando nos esforçamos fisicamente, nosso organismo consome oxigênio que ele pega do nosso sangue. Se na altitude há menos oxigênio disponível no ar, claro que para repor o corpo leva mais tempo e por isso cansamos muito mais do que o normal. Nesse caso, menos esforço significa mais bem estar. O ideal é dar ao corpo um dia ou dois para adaptação dependendo da altitude. Nós chegamos cansados depois de um pernoite nos bancos do aeroporto de Lima e fomos descansar. Dormimos a manhã toda e então, quando acordamos, resolvemos sair para almoçar. Nosso quarto ficava abaixo da recepção/entrada do hotel. Até então, nada de soroche. Subi as escadas normalmente, e comecei a conversar com a recepcionista do hotel pedindo algumas informações. Enquanto ela falava tive um “surto de soroche”. Repentinamente tive um enjoo muito forte, muita falta de ar e muita tonteira com uma pressão na cabeça. Dei dois passos para trás e me sentei no sofá. Alguns minutinhos depois já estava normal de novo. Marcos não sentiu nada.

– Água. É essencial manter o organismo muito bem hidratado não só durante a viagem, mas especialmente antes dela. Isso faz parte da preparação para a viagem. Em altitudes elevadas é muito fácil desidratar. Relembrando: MUITA ÁGUA, viu?

– Alimentação leve. Quanto mais seu organismo for obrigado a trabalhar, pior você vai se sentir. Então, especialmente no primeiro dia, a alimentação tem que ser bem leve. Nós optamos por sopinha de legumes com pedacinhos de frango. Coma devagar e mastigue bem os alimentos para ajudar seu organismo na digestão. Por causa do ar rarefeito a digestão demora muuuuito mais e o estômago muito cheio pode desencadear vários sintomas do soroche.

Chá de coca gratuito em nosso hotel em Cusco, Peru

Chá de coca gratuito em nosso hotel em Cusco, Peru


– Folha de coca para chá. Sim, a folha de coca é o remédio mais eficiente para combater o soroche. É comum oferecerem gratuitamente chás de coca e folhas em hotéis, lojas, restaurantes e locais turísticos para que o turista não passe mal. Nós provamos o chá de coca em Cusco e gostamos muito. Mesmo que você não ache tão bom assim, tome. É remédio!

Balinhas de coca vendidas no comércio em Cusco ou pelos ambulantes

Balinhas de coca vendidas no comércio em Cusco ou pelos ambulantes

– Balas de coca. O conceito é o mesmo do chá, mas é claro que a balinha não é tão eficiente e rápida, mas pode ser uma boa opção para quem está viajando entre cidades. Nas paradas dos passeios geralmente os vendedores ambulantes circulam entre turistas oferecendo “caramelitos de coca” de vários tipos. Há também em mercados, barraquinhas e locais afins. No início o gosto é um pouco estranho, mas depois fica gostosinho e bem agradável. Nós consumimos um pacote rapidinho. Até as meninas gostaram! :)

– Folha de coca para mascar. Nas altitudes elevadas é comum as pessoas mascarem constantemente a folha de coca. Mastigam a folha um pouco amolecendo-a e colocam-na embaixo da língua. Por quê? Pra quem não sabe, a parte de baixo da língua absorve muito mais rápido as substâncias. Por isso alguns remédios, especialmente os que precisam fazer efeito rapidamente, são colocados em baixo da língua. Você pode também colocar a folha de coca entre os dentes ou entre a gengiva e os lábios. Não engula a folha.

– Chá de Muña. Outra erva muito comum nas cidades vizinhas a Cusco e de sabor mais agradável que a coca por ser mentolado. Esse chá também combate o soroche e costuma ser oferecido gratuitamente nas feirinhas e lojas que são paradas dos passeios. Mas aviso: os chás são todos servidos sem açúcar e aí ficam piores do que parecem. O chá de coca com açúcar é até gostosinho. Dica: leve uns saquinhos de açucar na bolsa para essas ocasiões.

Soroche Pills. Imagem: sorojchipills.com

Soroche Pills. Imagem: sorojchipills.com

– Soroche Pills (ou Sorojchi Pills). É um remedinho muito comum para acabar com os sintomas da altitude. Nós não usamos, até mesmo porque estava em falta em Cusco no dia que fomos procurar. Procuramos pois Marcos havia começado com problemas intestinais e uma das filhas tinha sentido muita dor de estômago. Mas enfim, não experimentamos.

– Oxigênio em cilindro. Um dos principais problemas causados pelo soroche é que o cansaço chega muito mais rápido do que o normal e a gente acaba ficando ofegante pra qualquer coisa. Qualquer ladeira ou escada faz parecer que escalamos uma montanha. Em Cusco há para vender em farmácias um cilindro pequeno chamado Oxishot que funciona tipo uma bombinha de oxigênio. Não é para usar direto, o Oxishot é só um SOS mesmo. Também não usamos o Oxishot, mas é fácil encontrar por lá no comércio.

Cilindro portátil de oxigênio. Foto: oxicusco.com

Cilindro portátil de oxigênio. Foto: oxicusco.com

– Preparo físico ajuda bastante. Quanto melhor seu condicionamento, maiores as chances de você não ser afetado ou ser menos. Os preguiçosos de plantão sofrem mais nas caminhadas e subidas, quando se exige um pouquinho mais do corpo. Mas calma aí. Isso não significa que os atletas não sofrem do mal da altitude, ok?

– À noite os sintomas pioram e tomar uma boa caneca de chá de coca antes de dormir pode salvar seu sono.

– Se você sofre do coração, pulmão ou tem algum problema de saúde, não teste seus limites. Consulte um médico antes de comprar uma viagem para um local de altitude elevada.

– As pessoas que vivem em cidades que estão no nível do mar, tendem a sentir mais a altitude. Mas para toda regra há exceções, claro!

Durante o período que estivemos no Peru, Marcos teve uma indisposição intestinal braba e não sabemos se está relacionada com o soroche, já que a alimentação foi toda muito bem controlada. No inicio desconfiamos da coca, mas concluímos que ela foi inocente. Uma das meninas sentiu dor de estômago um dia mesmo sem comer besteiras. Ficamos sem uma resposta, mas é bom sempre ficar de olho nos sintomas e em caso de dúvidas pedir ajuda.

A maioria das pessoas não é afetada em altitudes até 2.500m. A partir daí alguns sintomas podem começar a aparecer e são mais comuns acima dos 2.800-3.000m. Em altitudes muito elevadas o mal da montanha pode fazer vítimas. Em alguns casos mais graves pode ocorrer edema pulmonar ou cerebral, mas os sintomas avisam e é preciso ficar bem de olho neles, mas agir com urgência é essencial. Nesses casos, é comum pessoas reportarem fisgadas no peito, tosse seca no início e com expectoração acompanhada de sangue quando evolui, alucinações e outros sintomas sentidos quando se toma um porre. O remédio? Não há coca que cure. É necessário descer para locais onde a altitude é menos elevada. O socorro médico é essencial!

Nós descobrimos que um fitoterápico chamado Ginko Biloba funciona bem como precaução por melhorar a circulação sanguínea e, com autorização médica, começamos a tomar semanas antes da viagem. Eu parei a medicação com alguns dias de uso pois provocou enxaquecas. Marcos usou até o fim da viagem e depois parou a medicação. Lembrando que, tanto o Ginko Biloba quanto qualquer outro medicamento não deve ser usado sem o consentimento do seu médico. Além do Ginko Biloba há outros remédios usados para amenizar os efeitos do soroche, mas o principal remédio é o descanso e a aclimatação. Se não permitir que seu corpo repouse um dia ou dois (ou até mais, dependendo da altitude) para se acostumar com a altitude, você pode perder a viagem toda.

Além das recomendações acima, repito outra que acho muito importante: tenha um seguro viagem que garanta atendimento rápido. Essa recomendação vale não somente para quem viaja para locais altos, mas para todas as viagens. Às vezes coisas simples como gripe e indisposição gastrointestinal podem levar a problemas mais sérios como a desidratação. Não é bom dar bobeira longe de casa. O seguro viagem é essencial sempre!

E para fechar esse artigo, recomendo que se for viajar a lugares altos, inclua em seu roteiro o dia de descanso/aclimatação. Acostume-se bem e divirta-se melhor ainda!

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Não sou médica ou profissional de saúde. Esse artigo é baseado nas minhas pesquisas e experiências pessoais e não substitui a orientação médica.

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Apaixonada por viagens, natureza, lugares lindos e interessantes e por fotografia. Viajei pouco até hoje, mas curti cada viagem e tirei delas o melhor que pude. Viajar e fotografia são paixões de infância! Criei esse blog para compartilhar minhas experiências durante minhas viagens e trilhas feitas com meu marido. Trocando informações, todo mundo se ajuda! :)

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