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Caminho de Samos, já em Sárria. Íltima etapa do Caminho

Entrevista: Peregrina Simone Starck fala sobre o Caminho de Santiago de Compostela


Nossa entrevista de hoje é com a peregrina petropolitana Simone Starck. Entre agosto e setembro de 2013, Simone percorreu o Caminho Francês, uma das rotas de peregrinação que levam a Santiago de Compostela. O Caminho Francês tem início em uma cidadezinha chamada Saint Jean Pied de Port, na fronteira entre França e Espanha. De lá, Simone caminhou cerca de 780 km até seu destino, a Catedral de Santiago de Compostela, onde estão enterrados os restos mortais do apóstolo Tiago.

Embora pareça uma rota católica, o Caminho de Santiago recebe peregrinos do mundo todo, de todas ou nenhuma religião, cada um com um ou vários objetivos. Alguns caminham em uma busca espiritual, outros por turismo, socialização, aventura, busca interior… enfim, cada um caminha “o seu próprio caminho”. Vamos ver como foi o caminho da Simone:

Simone Starck no início do caminho, subindo os Pirineus

Simone Starck no início do caminho, subindo os Pirineus


1) Desde o dia que você decidiu fazer o Caminho até o dia que saiu do Brasil, quanto tempo levou o planejamento?

Na verdade a decisão de fazer o Caminho de Santiago foi sendo amadurecida conforme eu ia me libertando do meu passado, não foi de uma hora pra outra. Em 2009 minha prima Heloísa percorreu o “Camino” e me participou de boa parte da expectativa dela, mas como não conhecia efetivamente o Caminho, pensei que era apenas uma caminhada, tipo por estradas e trilhas de terra, nada demais. Com o seu retorno e olhando as fotos, cresceu em mim uma vontade enorme de cometer uma “loucura” dessas. Sempre soube que meu espírito era/é livre, mas naquela época da minha vida eu estava “engaiolada” e assim estando, o passarinho não voa. Eu estava numa fase muito difícil (e importante também) da minha vida: fase da libertação. Então, conforme eu soltava um nozinho de cada vez da corrente que me prendia à “gaiola”, a vontade de percorrer o Caminho ia aumentando, porque, na verdade, o Caminho é liberdade, é se jogar, é viver e encarar dificuldades de frente, e era exatamente isso que eu estava fazendo naquele momento. Em dezembro de 2012, fazendo uma visita à minha prima e seu esposo (que também é peregrino), fomos a uma loja de produtos esportivos para ver algumas coisas, até mesmo para eu ter o primeiro contato e ideia de como é o material. Então nesse dia eu coloquei a mochila nas costas e ali foi o estalo (lembro desse dia até hoje). Pronto! Ali decidi fazer o caminho em 2013. Voltei da Alemanha com mochila, bota, saco de dormir e outros itens do equipamento. Então, na verdade, minha decisão de fazer o Caminho foi em 2009, mas a coisa tomou forma mesmo a partir de dezembro de 2012. Todos dizem que o caminho começa, de fato, quando a decisão parte do coração, então acho que começou em dezembro de 2012. Antes foi meio que da boca pra fora.

Primeira etapa do Caminho Francês: os Pirineus

Primeira etapa do Caminho Francês: os Pirineus


2) Qual é a melhor época para fazer o Caminho e qual o melhor roteiro?

Todos que estão envolvidos e têm experiência no Caminho (não só a caminhada em si, mas no todo) dizem que a melhor época é de junho a novembro, observando que junho/julho é época de verão e férias na Europa, então há uma grande quantidade de peregrinos no Caminho. Minha prima percorreu o Caminho em setembro e eu também. Achei uma excelente época: quente, mas suportável; nem tantas pessoas no caminho. Um conhecido percorreu o Caminho em novembro de 2007 e também não teve problemas.
Com relação ao roteiro, depende de onde decide começar o Caminho. O tradicional é começar na França, na cidade de Saint Jean Pied de Port. Muitos começam em Roncesvalles (já na Espanha), para evitar subir os Pirineus. E outros em Pamplona (também na Espanha). O que muda é de onde começar, pois o caminho é traçado e possui marcações em toda a sua extensão, não tem como fugir disso. Lembrando que o caminho é diferente para quem percorre a pé e para ciclistas.

Muitas paisagens lindas pelo caminho.

Muitas paisagens lindas pelo caminho.


3) O Caminho sai caro? Quais dicas você pode dar para quem quer percorrê-lo com o mínimo de grana possível?

Sinceramente, eu não achei muito caro. A Associação dos Amigos do Caminho de Santiago orienta os peregrinos a levar, no mínimo, 35 euros por dia para todas as despesas do dia, como albergue, alimentação, água, etc. Na maioria dos dias não gastei isso, tirando nas cidades grandes, como Burgos, Leon, Astorga, etc. Em média, os albergues públicos custam entre 5 e 7 euros e o menu do peregrino entre 9 e 12 euros. Albergues privados custam em média 10 euros. Em alguns albergues (a maioria na verdade) é possível utilizar a cozinha, então em alguns dias eu comprei meu jantar e também o almoço do dia seguinte pelo preço de um menu do peregrino. Então, de certa forma, economizei. Devo dizer que o menu do peregrino não é uma das melhores comidas do caminho: normalmente muita batata frita gordurosa. Como tenho uma dieta restrita em gordura, acabei optando por cozinhar alguns dias.

Descendo os Pirineus, depois de uma subida cansativa.

Descendo os Pirineus, depois de uma subida cansativa.


4) Que tipo de treinamento você fez e o que aconselha para os peregrinos não passarem perrengues físicos?

Eu, particularmente, comecei a treinar todos os finais de semana fazendo caminhadas com as botas para poder amaciá-las e, sempre que possível, treinar subida em montanhas. Além disso, há dois anos vinha fazendo treinamento aeróbico e musculação na academia para fortalecer a musculatura. No final, nos últimos 2 meses, foquei muito em fazer “step” para fortalecer a musculatura das coxas especificamente. Eu aconselho a todos que querem fazer trekking, seja qual for, principalmente do tipo mochileiro, que façam musculação direcionada à parte inferior do corpo e coluna/costas. O peso da mochila, mesmo com a base presa na cintura, é cruel.

Caminho de Samos, já em Sárria. Última etapa do Caminho

Caminho de Samos, já em Sárria. Última etapa do Caminho


5) qual o maior desafio que você enfrentou no Caminho e como venceu?

A princípio fiquei muito preocupada com o meu condicionamento físico, principalmente com relação aos Pirineus e O Cebreiro. Fui para a Espanha preparada psicologicamente pra sofrer. Para minha surpresa, no primeiro dia, encarando os Pirineus, nada senti fisicamente, nada mesmo. Contudo, psicologicamente falando, o caminho é cruel. Pelo menos pra mim foi. Senti uma pressão psicológica muito grande, de todas as formas que possam imaginar: emocional; com relação a minha condição física (dúvidas se conseguiria aguentar o tranco); pessoas diferentes, não dormia por conta do fuso-horário e de diversas pessoas dormindo no mesmo ambiente (no primeiro dia, em Roncesvalles, cheguei a dormir com mais de 100 pessoas no alojamento); e no final desse processo, já tendo se passado mais de quatro dias sem dormir (literalmente sem dormir mesmo), comecei a me questionar se eu realmente queria estar ali, o que realmente tinha me levado àquele lugar e se aquilo tudo não seria uma loucura minha. Duvidei realmente da minha decisão, não vou mentir. Eu realmente estava no fundo do poço, acabada. Cheguei, nesse dia, em conversa com a italiana com quem eu caminhava desde o início, a externar o meu medo de chegar em Santiago sem encontrar o que eu estava procurando, voltar da mesma forma, voltar sem sentir qualquer conexão e sensação no caminho, voltar do jeito que tinha chegado na Espanha, ou melhor, pior do que eu tinha chegado. Estava morrendo de medo.

Templo Romanico-gótico de  San Esteban, Zabaldika.

Templo Romanico-gótico de San Esteban, Zabaldika

Nesse mesmo dia, em torno do quinto dia se não me engano, em uma bifurcação onde no meu guia constava que era possível pegar dois caminhos, um pela “carretera” (estrada de asfalto), mais curto, e outro pela montanha, mais longo mas mais bonito, eu e outros dois peregrinos, entre eles dois italianos com quem eu caminhava desde o início, discutimos sobre qual caminho pegar. E eu, cansada e literalmente destruída, votei pelo mais curto. Eu queria chegar, não me importava mais (para ver a que ponto cheguei!). Eles conseguiram me convencer a seguir pela montanha e pegar o caminho mais longo (nem tão longo assim) para podermos ter uma visão mais bonita do caminho. Resolvi segui-los, afinal de contas, já estava mal o suficiente, não queria ficar sozinha. Chegando no alto da montanha me deparei com uma igreja bem antiga, de Santo Esteban, e senti vontade de entrar na igreja para tirar algumas fotos. A primeira coisa que se vê assim que se entra na igreja é a imagem de Jesus Cristo com vários papéis, tipo post it, colados em torno da imagem com todo tipo de recado e mensagem que possamos imaginar. Nesse momento, olhando o altar e ouvindo a música ambiente (canto gregoriano), uma energia muito boa me envolveu que me causou uma emoção muito forte, uma paz interior e elevação tão intensa, e no mesmo momento uma senhora que trabalha na igreja me entregou uma oração para o peregrino que diz:
“O CAMINHO: PARÁBOLA OU REALIDADE
O Caminho te faz peregrino. Porque o Caminho de Santiago não é somente um trecho a se percorrer para chegar a alguma parte, não é uma prova para alcançar uma recompensa. O Caminho de Santiago é parábola e realidade ao mesmo tempo, porque se faz por dentro e por fora no tempo real que duram as jornadas e ao longo de toda a vida quando você deixa que o Caminho te penetre, te transforme, te converta em peregrino.
O Caminho te simplifica, porque quanto mais leve for o equipamento menos te prejudicará as costas e melhor experimentarás o pouquíssimo que é necessário para viver.
O Caminho te irmana. O pouco que carregas deverás estar disposto a compartilhar porque ainda que comeces o Caminho, o farás com companhia.
O Caminho engendra a comunidade: que se cumprimenta, que se interessa pelo caminhar da outra pessoa, que conversa, que compartilha.
O Caminho te exige. É necessário levantar antes do sol, apesar do cansaço e das bolhas: terás que caminhar na penumbra da noite até o nascer do dia, é necessário descansar justamente para não parar.
O Caminho te convida a contemplar, nos deixa surpreendidos, acolher, interiorizar, parar, calar, escutar, admirar, bendizer a natureza, aos nossos companheiros de caminho, a nós mesmos e a Deus.”
Essa oração me fez desabar. Chorei com o corpo e a alma. Abracei a senhora e agradeci pela oração. Na verdade ela não sabia que tinha me ajudado tanto. A partir daquele momento conectei-me ao caminho de uma forma impressionante. Consegui prosseguir e cheguei em Santiago mudada. Foi muito difícil, mas gratificante também. Mas tenho consciência de que a dificuldade estava dentro de mim. A partir desse episódio adotei a seguinte frase como lema de vida: é da ruína que vem a renovação e a força de prosseguir.

Vista de Foncebadón. Cidade que Paulo Coelho descreveu como fantasma em seu livro

Vista de Foncebadón. Cidade que Paulo Coelho descreveu como fantasma em seu livro


6) O que é essencial levar? O que você levou e achou desnecessário e o que você não levou e sentiu falta?

Essencial levar: botas e esparadrapo tipo micropore. Enrolava todos os dias de manhã todos os dedos dos pés com micropore. Vi vários peregrinos com bolhas brotando nos pés, perdendo unhas, mancando, etc. Eu tive 4 bolhas em todo o caminho. Sorte? Não sei. Só sei que coloquei microporo todos os dias e devo ter gastado uns 6 rolos no total. Essa foi uma dica dada por um casal na AACS.
Levei de forma desnecessária: talco para os pés (não usei nem um dia) e forro para o chão (sentei em pedras duas vezes; nas demais em “bares” que tem por quase todo o caminho).
Senti falta: sinceramente, levei o que eu precisava. Mas senti falta da minha cama… :)

Cruz de Ferro, onde todos jogam  pedrinhas, simbolizando seu problemas

Cruz de Ferro, onde todos jogam pedrinhas, simbolizando seu problemas

7) Como é a hospedagem por lá? É possível acampar?
Para o peregrino, na maioria das cidades, tem albergues públicos e privados. Nas cidades grandes tem hotéis, hostel e pensões também. De uma forma geral todos os albergues são limpos e cuidados. Só não dei sorte em Puente la Reina. O albergue público estava muito sujo, principalmente o banheiro e os beliches (lençol visivelmente sujo). Mas nos demais foi tranquilo. Mas chamo a atenção para os albergues públicos na seguinte situação: normalmente são os mais baratos, mas também são para grande quantidade de pessoas. Então, preparem-se para dormir com 10 pessoas ou 100 pessoas no mesmo ambiente, dependendo do albergue.
Para acampar, sinceramente, só vi locais para camping duas ou três vezes no caminho. Como não fiquei focada nisso, então pode ser que tenha passado despercebido. Mas na maioria das cidades não há muito espaço para acampar, principalmente nas maiores. Agora um alerta também: mesmo no verão europeu, a noite é muito fria (peguei dias com até 10 graus), então acho que acampar não seria uma boa opção não, fora o peso a mais na mochila, mas depende de cada um.

8) O que você achou da comida na Espanha? Como se virou?

A comida típica espanhola é deliciosa (como tapas, paella), mas no caminho é oferecido a um preço mais em conta um menu específico: o menu do peregrino. Eu, particularmente, não gostei muito, mas acabei comendo boa parte dos dias. O menu é geralmente composto por 3 partes: (1) entrada, normalmente com 3 opções (salada, massa ou sopa); (2) prato principal, normalmente uma carne (muito fina por sinal) ou massa, acompanhados de batata frita (sempre); e (3) sobremesa, normalmente pudim de leite, iogurte ou sorverte. No menu ainda acompanha sempre pão, água e vinho.
Eu, alguns dias, para mudar um pouco, ia a um mercado e comprava ingredientes para cozinhar, normalmente macarronada (em alguns albergues era possível utilizar a cozinha, mas não são todos). Quando eu estava acompanhada dos italianos, sempre comia um tipo de molho diferente. Muito bom isso. Mas fiz muita salada também.
Frutas é possível comprar no caminho inteiro, destacando a banana, que custa em médica 2 a 3 euros UMA banana. No Brasil você compra com 6 reais quase duas duzias.

, onde estão enterrados os restos mortais do Apóstolo Tiago

Catedral de Santiago de Compostela, onde estão enterrados os restos mortais do Apóstolo Tiago


9) Valeu a pena? Faria de novo? O que o Caminho acrescentou na sua vida?

Valeu MUITOOOO a pena. No início queria voltar para casa. Hoje quero voltar para o Caminho, principalmente quando começo a olhar as fotos.
FARIA DE NOVO E FAREI. Planos em mente, projetos. Quem sabe mais cedo do que eu imaginava.
O que ele acrescentou: simplicidade, amor, perceber o quanto somos fortes (física, emocional e espiritualmente) e não percebemos até sermos postos em teste; que quando queremos algo podemos conseguir, basta encarar a dificuldade e acreditar; e, principalmente, valorizar as pessoas que amamos e nos ajudam nos momentos difíceis. Recebi muita ajuda no Caminho através da minha irmã e meus pais, da minha amiga Raira e do meu namorado, Vinicius. Minha irmã chegou a ameaçar-me de ir para a Espanha me bater caso eu continuasse com a idéia de desistir. Brincadeiras à parte, essas são pessoas que realmente me deram e dão um suporte muito grande nos momentos difíceis e só tenho a agradecer a Deus por tê-las em minha vida. Deus sempre foi muito bom pra mim e não me desamparou naquele momento.

A imponente Catedral, destino da maioria dos peregrinos que passam pelo Caminho

A imponente Catedral, destino da maioria dos peregrinos que passam pelo Caminho


10) Deixe para os leitores algumas dicas que você acha essenciais para o peregrino de primeiro Caminho.

NUNCA SUBESTIME O CAMINHO. Nunca diga que isso não sentirei, isso não acontecerá, aquilo não é possível. Tudo pode acontecer! Tudo pode acontecer para o lado positivo e também para o lado negativo, então não subestime o Caminho. Cuidado onde pisa, cuidado como desce dos beliches, cuidado como desce as ladeiras, cuidado como pisa nas pedras. Use SEMPRE cajados. São suas duas pernas extras nas subidas e seu freio na descida. Vi alguns peregrinos acidentados por pura falta de atenção e auto-confiança exagerada, e ouvi também casos de peregrinos que se machucaram feio (com fratura de costela inclusive) por cair ao descer montanhas cobertas de pedras, como acontece na descida do Alto do Perdão. Então fica a dica: CUIDADO SEMPRE. O perigo maior está no nosso descuido, apenas isso.
Outra dica: seja feliz, sempre. Sinta o caminho no coração e na alma, não apenas como esporte (se é que se pode chamar de esporte). O Caminho, querendo ou não, te prende de alguma forma, mas tem que estar aberto e querer sentir. Vale a pena, acredite.

Fiquem bem. Carpe Diem!

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Apaixonada por viagens, natureza, lugares lindos e interessantes e por fotografia. Viajei pouco até hoje, mas curti cada viagem e tirei delas o melhor que pude. Viajar e fotografia são paixões de infância! Criei esse blog para compartilhar minhas experiências durante minhas viagens e trilhas feitas com meu marido. Trocando informações, todo mundo se ajuda! :)

27 Comments

  • esiopoeta

    15 de março de 2017 at 01:04

    Ola Simone… em 1968 eu, com 15 moleques anos, fiz minha primeira romaria Piracicaba (minha cidade) a Pirapora. São apenas 120kms. Este ano, 2017, estarei completando meu Jubileu de Ouro. Sim. Há 50 ininterruptos anos sou romeiro.
    Compostela entrou em minha vida de ouvir falar, nos anos oitenta… um sonho ate 2010 qdo comecei a sonhar, planejar e fazê-lo um dia.. um dia…
    Esse dia chegou no ano de 2014, e de saint Jean até burgos fui muito bem. Depois uma tendinite de lascar e pegou de jeito e fui obrigado a pular umas etapas.
    Nao fiquei feliz. e 2015 e preparei muito muito muito e e 20 dias voei no caminho. So um pequeno acidente e Los Arcos qdo torci o pé no banheiro mas no outro dia fui até Longrono mancando e birrento… Vendi. E os outros dias foram de prazer e alegria. E olha que eu fumava dois a tres maços de cigarros por dia… um horror.
    Fiz muita comida e decidi pagar para levarem minha mochila. decisão acertada.
    ,mas a vontade é a seguinte> em 2018 vou novamente, pela terceira vez caminhar… deixei o fumo, vou aprender a fazer outros tipos de comida pois vamos nuns cinco eu seis amigos, todos com 60 a 70 anos… vamos treinar muito uns 4 meses antes, todos os dias, percorrendo de 10 a 15 kms e aos finais de semana 25 a 30kms para ir se acostumando… e vamos nós… compostelar…. TFA. Que o Grande Arquiteto do Universo a ilumine.

    Responder
    • SIMONE CRISTINA KAPPAUN STARCK

      13 de janeiro de 2018 at 19:13

      Que assim seja!
      Tenha um abençoado caminho nesse ano de 2018!
      Em 2016 percorri o caminho português até Finisterre. Foi muito bom, mas não vou mentir que o caminho frances é um xodo!
      Pretendo em 2019 retornar ao caminho (frances). Uma emoção muito forte me toma o ser relendo o relato e imaginar novamente caminhando aqueles vales! Muitas mudanças ocorreram de 2013 até hoje. Será meu presente e meu deserto para consolidar tudo o que o caminho me trouxe!
      Buen Camino peregrino!
      Ultreya et susea!

      Responder
  • Filipe

    7 de janeiro de 2016 at 10:45

    Já fiz o Caminho Português em 2013 e um trecho do Francês em 2015 e pretendo fazer outros. Realmente o Caminho de Santiago é transformador. Costumo dizer que o Caminho é uma espécie de encapsulamento da vida, pois você vive o frio o calor, a chuva e o sol, tristeza e alegria, raiva e paz e muito mais tudo no mesmo dia. A intensidade das emoções, do esforço físico e do trabalho mental nos fazem sentirmos mais vivos do que nunca. Recomendo o Caminho para todos independente de credos. Abraços!

    Responder
    • Simone Cristina Kappaun Starck

      7 de maio de 2017 at 01:22

      Fiz o caminho português em julho de 2016. Vou te falar que foi muito bom, mas não tive a mesma conexão que tive no caminho francês. Valeu muito a pena também. Os questionamentos de vida foram outros, o momento de vida era outro. Tente fazer o caminho Francês de uma vez só Filipe. Vale a pena. Percebi que o tempo que se fica no caminho também faz a diferença. Se eu não tivesse ido para Finisterre te falo que o caminho português teria outro resultado. O caminho Francês é meu queridinho rsrsrs…..

      Responder
  • Marcos André

    2 de dezembro de 2013 at 21:22

    Que experiência maravilhosa você viveu. Isso foi Deus falando com você. A pessoa quando abre o coração ela recebe a força que precisa. Maravilha de relato mesmo.

    Responder
    • Simone Starck

      3 de dezembro de 2013 at 09:54

      Obrigada Marcos André,
      Eu tenho certeza disso!!!!!!! Eu não estava sozinha naquele momento. Essa energia pura e maravilhosa que senti me segue até hoje. É indescritível. A energia desse caminho, para quem abre o coração para isso, é impressionante. Por isso todos dizem que quem faz uma vez vai fazer sempre. E é verdade!! Já pensando na próxima (risos).
      Fique com Jesus.

      Responder
  • Sueli

    27 de novembro de 2013 at 00:14

    Simone, dá pra fazer o caminho sem falar nada além de português? Sou péssima em idiomas, já tentei aprender mas não deu. Uma pessoa coo eu terá problemas?
    Um grande abrço!

    Responder
    • Simone Starck

      3 de dezembro de 2013 at 10:12

      Olá Sueli,
      Com toda certeza!! Para ilustrar, eu comecei o caminho com dois italianos. No sexto dia mais ou menos nos separamos e fiquei sozinha por um bom tempo. Eu só falo inglês (dá para me comunicar, mas não é dos melhores). No décimo quinto dia mais ou menos eu reencontrei a italiana e conheci mais dois italianos que estavam caminhando com ela. Esses dois italianos não falavam outra língua que não a de origem. Uma parou no meio do caminho e a outra, faltando 5 dias para chegar em Santiago, machucou-se e desistiu. No final das contas ficaram eu e o italiano, ele sem falar qualquer língua além do italiano e eu sem falar italiano, e fomos até o final juntos. E te falo, não tivemos grandes dificuldades para nos comunicar. O caminho é isso, é se entregar e ver no que vai dar. Isso é experiência, troca, é isso que faz com que o caminho seja especial. Conheci também um francês que só falava francês. FRANCÊS!! Vai entender (risos). E todos se deram bem e conseguiram se comunicar. Foi muito engraçado: eu, com meu português e inglês ruim, o italiano e o francês conversando na cozinha do albergue em Portomarin. O que eu não conseguia entender o italiano (que entendia mais francês do que eu) traduzia para mim em italiano (língua que dá para entender um pouco por conta da origem das palavras serem a mesma).
      Então Sueli, não precisa se preocupar com isso. O espanhol é muito parecido com o português, e além disso o povo espanhol (em sua maioria) é muito solícito com os peregrinos. Você conseguirá fazer o caminho sem muitas dificuldade. Torço para que faça o caminho.
      Fique bem peregrina.

      Responder
  • Sandra Mallo

    21 de novembro de 2013 at 17:25

    Achei muito interessante a experiência. Parabéns. Já li duas vezes pra ver como isso repercute em mim. Gosto de caminhadas longas, eu ando muito mas essa atmosfera religiosa não gosto. Dá pra fugir disso lá ou essa “aura” acompanha a pessoa em todo lugar que ela vai? Fiquei boba com os 800quilometros! Não imaginava que fosse tão longo…

    Responder
    • Simone Starck

      21 de novembro de 2013 at 18:00

      Olá Sandra!
      30% dos peregrinos tem como motivação a religiosidade (cristianismo propriamente dito); talvez 60% pela espiritualidade (sem qualquer tipo de vínculo religioso, mas que acreditam em algo além, pode-se dizer assim, ao qual me incluo); e os outros 10% simplesmente pela caminhada/esporte/conhecer novas pessoas, novas culturas. Para ilustrar, conheci um argentino, muito gente fina, onde a motivação dele era exatamente conhecer novas culturas e pessoas. Criamos um vínculo bem legal no caminho. Por onde nos encontrávamos ele me chamava de “menina” em um tom bem festivo (muito engraçado, estou rindo só de lembrar) e falávamos em português (eu) e espanhol (ele), já que nenhum dos dois fala a língua do outro (evitávamos o inglês pelo simples prazer de trocar experiências). Te falo que senti nele uma pessoa formidável, com uma comunicabilidade gigantesca e energia contagiante. Então, digo-te que, se tem vontade de fazer o caminho, faça-o, pelo motivo que for. Cada um tem alguma coisa que te move para o caminho, e isso pode ir mudando conforme o tempo for passando. Eu, por exemplo, em dezembro, quando decidi fazer o caminho, a motivação foi pela aventura. Em fev/mar várias coisas aconteceram em minha vida e a motivação acabou tomando um rumo diferente, mais espiritual, e essa experiência no caminho está acima relatada. Uns sentem um contato com a energia que descrevi, outros não. Isso é de cada um. Mas te garanto que terá uma experiência tão intensa quanto, posso te garantir. Se estiver disposta a percorrer os quase 800 km e conhecer muita gente de todos os lugares do mundo, culturas e manias, vai gostar. Tenho certeza disso!! Torço para que decida fazer o caminho.
      Carpe Diem!!

      Responder
    • Simone Starck

      19 de novembro de 2013 at 23:34

      Olá Silvano.
      Eu li alguns livros sobre o Caminho de Santiago antes da minha viagem, até para pegar algumas dicas. Segue alguns, em ordem de leitura (todos muito bons):
      1) “Volto Já! – Minha Viagem Pelo Caminho de Santiago de Compostela – Kerkeling, Hape;
      2) “Quando dois caminhos se encontram” – Guto Pinto;
      3) “Vivências do Caminho de Santiago” – Lillian de S.L. Joppert.
      Espero ter ajudado. Ficam as dicas e leitura de sites especializados, como o das Associações dos Amigos do Caminho de Santiago. A do RJ é muito boa e muito completa. Peguei muitas dicas por lá.
      Fique bem.

      Responder
  • Pedro Paixão

    12 de novembro de 2013 at 14:27

    Muito boa a entrevista! Parabéns para o blog e para Simone.
    Nunca fiz o caminho de Santiago e nem sei se algum dia farei, mas gostei muito de ler o texto.
    Grande abraço!

    Responder
  • Joanna Imbs

    12 de novembro de 2013 at 11:42

    Muito legal mesmo! Adorei essa entrevista. Meu tio me mandou o link hoje porque moro em Portugal e vou fazer o caminho francês ano que vem. Devo começar em fevereiro, ainda estou me informando sobre todas as coisas. Vamos eu, meu namorado e minha filha de 7 anos.
    Estamos morrendo de medo dela (ou de nós) não aguentarmos os Pirineus. Minha filha é uma criança normal, mas não pratica desporte. A gente não queria levar ela, mas está louca pra ir. Então a gente decidiu fazer com ela.
    Queria saber se você acha que dá pra levar uma criança nessa idade sem transformar a vida de todo mundo num pesadelo e se é comum ver criança dessa idade no caminho e se a gente pode ficar nos albergues comuns com ela?
    Eu adorei ler sobre o aperto que você passou. Me desculpe. Mas é que é bom ver a experiência dos outros e ver que os mortais também fazem o camino.
    Obbrigado. Joanna

    Responder
    • Simone Starck

      13 de novembro de 2013 at 09:40

      Olá Joanna,
      Sinceramente, não vi muitas crianças no caminho, mas vi algumas. Achei muito legal ver uma família inteira fazer o caminho. Passa uma energia muito boa de união entre os componentes. Me emocionei quando vi. Se não me engano, o grupo que vi o menino tinha em torno de 10 anos.
      Eu particularmente não vejo problema algum em levar sua filha, até porque acho que seria uma experiência de vida muito legal para ela, para a própria formação dela (viver com pouco, conhecer gente nova, que é a proposta do próprio caminho – desapego). O que vejo talvez de problema é o dormir nos albergues com pessoas estranhas durante 30, 34 dias. Se ela não tiver esse tipo de problema, se joga, mas aconselho um treino básico antes. Andar pelo menos nos finais de semana para treinar um pouco (eu andava em média 15 km nos fins de semana para treino). No caminho, eu andava, em média, 30, 33 km por dia, o que durava umas 6, 7 horas (com paradas para descanso). Não vou mentir que no final do dia, por mais que eu tenha treinado, eu estava acabada, mas nada que um descanso de uma, duas horas para revigorar.
      Com relação aos Pirineus, sinceramente, não fique tão preocupada, mas respeite. Os Pirineus são difíceis pela altitude. Agora pelo que eu entendi vocês pretendem caminhar em fevereiro, então cuidado. Se não me engano esse período é muito complicado por causa da neve. O tempo nos Pirineus é muito instável, então muito cuidado (a maioria dos acidentes acontecem por conta do tempo e falta de equipamento adequado – frio, desidratação, quedas na descida). Acho que a sua preocupação maior com relação aos Pirineus deveria na verdade ser essa. De resto pode ficar tranquila. Aconselho que procure uma Associação dos Amigos do Caminho de Santiago em Portugal para pegar dicas e orientações para o caminho. Aqui no Rio de Janeiro temos uma associação muito atuante e que ajudam muito os novos peregrinos. No site tem muitas dicas e orientações, então dê uma olhadinha se interessar-te (http://www.caminhodesantiago.org.br)
      Com relação ao meu “aperto”, que bom que foi útil. Não precisa se desculpar. Minha intensão foi mostrar que por mais que imaginemos que estamos preparados para o desafio, o “camino” consegue nos testar, seja de que forma for. Foi uma experiência única, que eu nunca mais esquecerei. Espiritualmente falando (para quem acredita, lógico, independentemente de religião, de qualquer credo), o caminho é poderoso. Estou doida para sentir aquela energia novamente.
      Um grande abraço para vocês e torço para que tudo dê certo.
      Buen Camino Perergina!!!!
      Fiquem bem!

      Responder
      • Joanna Imbs

        13 de novembro de 2013 at 14:41

        Ai nossa! Obrigado! Você foi uma das únicas a me incentivar. Todo mundo acha que sou maluca de levar minha filha. Fiquei muito animada com a sua resposta. vamos tomar cuidado eu sei que é um caminho duro. Fevereiro é quando meu namorado pode tirar férias com dias seguidos aí não temos escolha. Minha filha se chama Paola e leu sua resposta aqui comigo. Mandou dizer que ama você pois você ajudou a convencer meu namorado que ela pode ir. kkkkkkkk……
        Um beijo Simone. Te desejo muita alegria na vida!

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        • Simone Starck

          13 de novembro de 2013 at 16:12

          “A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos.” Erasmo de Rotterdam
          Beijos para vocês, especialmente Paola.
          Tomando os devidos cuidados é possível fazer o caminho com criança. Já assisti reportagem de pessoas percorrendo o caminho com bebês, acreditem. Se não for possível percorrer os Pirineus a pé, as pessoas em San Jean e em Orisson também avisam. Sempre respeitem o que os moradores locais falam com relação ao tempo. Estão habituados e normalmente querem bem ao peregrino. Se não for possível atravessar os Pirineus, comecem em Roncesvalles. Não são 27 kms que desqualificarão o caminho a ser percorrido.
          Sempre deem prioridade a segurança física de vocês, sempre, ainda mais com criança. Se os cuidados e atenção forem prioridade, é possível fazer o caminho. Procurem uma associação em Portugal para poderem obter informações sobre as condições de se percorrer o caminho nessa época.
          Me recorreu outra situação: têm períodos que os albergues estão fechados também, por conta desse período de inverno, então, por favor, informem-se antes de se aventurar. Tem um albergue no caminho que eu fiquei e que são excelente pessoas e ajudam muito os peregrinos: Refúgio Acácio e Orieta. Tem facebook também. Os dois são peregrinos e sempre ajudam com orientações.
          Fica aqui o meu desejo de que tudo dê certo e que Jesus os acompanhem.
          Abraços fraternos.
          Carpe Diem!!

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