O Reino Unido é formado por quatro países: Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte, além de algumas ilhas.
Defina as prioridades
Simplificando bastante o processo, a primeira coisa a fazer é decidir quais países você quer visitar. Com isso definido, vai precisar descobrir suas prioridades, aquelas atrações e cidades das quais você não abre mão de jeito nenhum e, por fim, o tempo que você tem e/ou precisa para fazer a viagem que deseja.
Para aqueles que querem conhecer somente as capitais de cada país com excursões curtas de bate-volta para cidades nos arredores, a viagem fica bem mais simples, o que não significa, necessariamente, mais barata.
No nosso caso, a intenção era visitar Londres e depois partir para a Escócia, onde ficaríamos a maior parte do tempo. Com as pesquisas, no entanto, incluímos também Oxford e o interior da Inglaterra no roteiro. Em seguida, Marcos decidiu estender a viagem até Cardiff, onde visitamos alguns clientes. Por conta disso, acabamos com um roteiro relativamente complexo. Deu um pouco de trabalho, mas foi incrível:
– 21 dias
– 24 cidades/vilarejos
– 11 hospedagens diferentes
– 1.600 km dirigindo na esquerda, com volante do outro lado (contamos como foi, veja aqui)
– 8 tipos de transporte (ônibus, carro alugado, metrô, trem, bonde, taxi, uber, avião)
Mas como organizar tudo isso? Vou te contar como eu fiz.
Passagem aérea:
Há duas maneiras principais de planejar a passagem: aguardar uma promoção e montar o roteiro em cima das datas mais baratas que o sistema combinou ou montar o roteiro e comprar a passagem do jeito exato que você quer (provavelmente pagando mais caro). No nosso caso, foi uma combinação dessas duas coisas. Com o roteiro meio definido em mente, entrei no meu programa de pontos do cartão e vi se ele me oferecia algo razoável para o que eu queria. A quantidade exata de dias quem definiu foi o sistema de milhagens, porque, dependendo da combinação de datas, custaria uma quantidade maior ou menor de milhas.
Moeda
A moeda do Reino Unido é a libra, que geralmente tem cotação mais alta que o dólar. Não se aceita euro por lá, muito menos real ou dólar. O ideal então é levar libras daqui ou trocar por lá mesmo. Há sempre a opção dos cartões pré-pagos e dos cartões de crédito. As vantagens e desvantagens de cada forma de pagamento variam de acordo com a época, a cotação e a viagem que você pretende fazer. Se for trocar por lá, evite fazer o câmbio no aeroporto, geralmente as taxas são bem ruins. Aqui vai um vídeo do Viaje Na Viagem para ajudar quem tem dúvida sobre usar moeda ou cartão na Europa.
A escolha do roteiro e dos transportes:
Muitas vezes o roteiro define o transporte. Outras vezes, o transporte disponível define o roteiro.
O trem no Reino Unido não é dos mais baratos, mas é bastante eficiente. Além disso, os trens são muito bons, normalmente oferecem wi-fi gratuito e tomadas/USB. Entretanto, às vezes os horários, os trajetos e/ou os preços nos forçam a procurar alternativas e isso aconteceu conosco várias vezes. Compramos nossos bilhetes de trem ainda no Brasil pelo site da National Rail e da ScotRail.
Eu já sabia que entraríamos por Londres e que, em algum momento, chegaríamos a Edimburgo, capital da Escócia. Para o interior da Inglaterra, optamos por passar pela região de Cotswolds, não muito conhecida pelos brasileiros, e depois partir para Cardiff, no País de Gales.
Como não somos super fãs de cidade grande, reservei dois dias inteiros para conhecer Londres e comecei a pesquisar como chegar aos vilarejos de Cotswolds e quais deles visitar. Confesso que não foi fácil, porque são dezenas de cidadezinhas fofas próximas umas às outras. Por fim, alocamos dois dias para curtir a região, além do dia que passamos em Oxford. Há trens e excursões para as cidades maiores dessa região, mas os pequenos vilarejos costumam ficar de fora e são tão ou mais bacanas que os locais mais famosos.
Em Londres, usamos muito o metrô com o Oyster Card, mas recomendo dar uma olhada na promoção 2FOR1 se você for passar mais tempo e visitar mais pontos turísticos.
Não foi difícil chegar à conclusão de que teríamos que alugar um carro para fazer o trajeto planejado pelo interior da Inglaterra. A passagem por Oxford tirou das nossas costas o peso de sair dirigindo (pela primeira vez no lado esquerdo da pista e com o volante na direita) em uma grande metrópole.
A opção mais prática e segura que encontramos foi passar o dia em Oxford, a cidade das bikes (sério, você não precisa de carro lá), e seguir para Cotswolds no dia seguinte com o carro alugado.
Assim fizemos e não podia ter sido mais perfeito. Fomos de trem para Oxford, conhecemos a cidade e seguimos de lá com nosso carro alugado (contratado ainda no Brasil) pelo belíssimo interior da Inglaterra. Dois dias incríveis por vilarejos medievais, muitos “rowling hills” e lindos campos de colza, estradinhas rurais, ovelhinhas e natureza. O único fato desagradável é a quase inexistência de acostamentos, em especial nas estradinhas menores. E isso nos impediu de parar para fotografar paisagens lindíssimas.
Ficar com o carro em Cardiff não era opção, porque, geralmente, não é boa ideia conhecer grandes cidades de carro. Ele mais atrapalha do que ajuda. Como não conseguimos encontrar nenhuma cidade pequena onde pudéssemos devolver o carro e pegar um transporte razoável até Cardiff, partimos de carro mesmo até a capital de Gales e devolvemos logo na chegada. Aqui aconteceu o primeiro sufoco da viagem: entramos na cidade grande em uma sexta-feira à tarde, com trânsito intenso e ameaça de chuvarada, início de feriadão e, para ajudar, pegamos um acidente na pista que nos rendeu duas horas de atraso.
Passamos por muito estresse, erramos duas ou três entradas na autoestrada e chegamos atrasados para devolver o carro. Nem sempre as coisas acontecem às mil maravilhas e é importante estar preparado para os imprevistos. Errar faz parte de qualquer viagem.
Dentro de Cardiff usamos mesmo foi os pés. Andamos bastante, o dia todo pelo Bute Park, pelo Castelo de Cardiff e pelo comércio. Do centrinho onde fica tudo isso até a baía dá pra ir andando tranquilamente, especialmente com o tempo bom.
Do centro para o aeroporto há ônibus gratuitos que passam a cada 20 minutos.
O plano inicial era partir de trem de Cardiff para Edimburgo, o que as pesquisas provaram ser ineficaz. O trem ficaria praticamente o mesmo preço do avião, demoraria mais e ainda teríamos que baldear. Depois de muito pesquisar, optamos por voar com a Flybe (uma lowcost inglesa), até a capital da Escócia.
Do aeroporto de Edimburgo para o centro da cidade (cerca de 20-30 minutos) usamos o bonde. Rápido, bom e eficiente. Fica logo na saída do desembarque. Também tem o ônibus Airlink 100, um pouquinho mais barato que o bonde.
Tudo certo até aí. Reservamos dois dias e meio para Edimburgo e, depois, escolhemos alguns pontos de pernoite e visitação nas Highlands escocesas. Novamente, para fazer o trajeto que queríamos, o carro seria fundamental. Pegamos o Airlink 100 (o ônibus que vai até o aeroporto) e de lá partimos com nosso carro alugado (também contratado ainda no Brasil) para as terras altas da Escócia.
Decidir o roteiro pelas Highlands também não foi nada fácil e confesso que planejei fazer muito mais do que realmente conseguimos. A gente sempre quer “abraçar o mundo” nas viagens, mas quase nunca consegue, especialmente quando a chuva resolve tomar conta da festa. Vale comentar que, porque deixamos para alugar o carro com cerca de 1 mês de antecedência, a única opção que nos restou foi a de retirá-lo no aeroporto. Até que foi bom, porque não precisamos enfrentar o trânsito da cidade, já que o aeroporto fica um pouco distante.
Nas viagens de carro é importante estar atento aos trajetos, às quilometragens a cumprir e aos pontos de visitação, fazendo paradas para pernoite que te permitam ter um dia agradável na estrada. Não adianta nada cumprir grandes distâncias e não ter tempo nenhum para curtir as paisagens e as atrações do caminho.
Rodamos a Escócia de carro, de cabo a rabo, durante uma semana. Para quem não quer ou não gosta de dirigir, mas gostaria de conhecer as Highlands, de Edimburgo partem excursões de 1, 2 ou 3 dias por várias cidades, inclusive para a lindíssima Ilha de Skye. Além disso, há trem ou ônibus para diversas cidades também.
Para o retorno, a primeira opção era também o trem até Londres (cheguei a considerar o Caledonian Sleeper, aquele trem com leito + refeição que viaja à noite), mas a possibilidade de ficar direto em Heathrow para pegar o voo no dia seguinte nos pareceu melhor e optamos por voltar de avião mesmo, com pernoite no próprio aeroporto de Heathrow. Nosso voo sairia às 12h e nada melhor do que poder acordar com calma e ir de POD (capsulas autônomas), tranquilamente, até nosso terminal de embarque.
Mais uma dica: Heathrow é um aeroporto enorme, portanto, vá com bastante tempo de sobra para não correr o risco de perder seu voo. Há grande possibilidade de você ter que enfrentar alguma fila, pegar o trem interno para chegar no seu portão de embarque, e isso tudo vai mordendo o seu tempo. Não arrisque.
Além disso, considerando todos os custos e o tempo que gastaríamos no deslocamento do centro de Londres até Heathrow, o custo x benefício provou-se melhor para o avião. Mais uma vez voamos de Flybe.
Ainda dentro deste tópico, quero falar sobre estacionamento. Recomendo sempre procurar por eles antes de chegar nas cidades. Uma pesquisa prévia pode economizar tempo e dinheiro também. Um esquema muito usado no Reino Unido é o que eles chamam de Pay and Display. Você paga com cartão ou moedas em uma máquina e coloca o bilhetinho impresso no painel do seu carro. Em Cotswolds há muitos estacionamentos municipais gratuitos, alguns com banheiros pagos, outros com banheiros gratuitos e há também os estacionamentos pagos. Informe-se.
Eu adoro pesquisar hospedagem. E, confesso, leio zilhões de avaliações de diversos estabelecimentos antes de decidir qualquer coisa. Jamais deixo de me informar sobre as melhores regiões da cidade para ficar e estudo bastante o mapa com a localização dos hotéis. Prefiro pagar um pouco mais caro por uma hospedagem mais simples, mas bem localizada. Até o momento, acho que só acertei.
Em grandes cidades, por exemplo, ficar próximo ao metrô facilita muito no deslocamento. Em cidades onde o transporte coletivo não é de boa qualidade e você não vai alugar carro, é importante encontrar uma área prática com opções de transporte, restaurante e comércio, para facilitar a sua vida.
Há vários sites onde se pode pesquisar hospedagem hoje em dia. Os que mais uso são o Booking e o AirBnB. Costumo olhar também as avaliações do TripAdvisor sobre as hospedagens que me interessarem.
Dica: se você faz questão de banheiro dentro do quarto (ensuite), preste atenção na hora de reservar sua estadia. Muitos hotéis no Reino Unido oferecem banheiro privativo, mas é comum o banheiro não ser dentro do quarto. Fique esperto!
Para referência, na listinha abaixo estão todas as hospedagens que usamos. Não tenho o que reclamar de nenhuma delas, foram perfeitas e, por isso, recomendo. Lembrando que se você reservar qualquer hotel (mesmo que não sejam os mesmos da lista) pelos links do blog o Booking nos dá uma comissão e você nos ajuda a manter esse material disponível.
- Londres: Belvedere hotel
- Oxford: Hewley House (hotel dentro do campus da universidade)
- Broadway (Cotswolds): The Lodge
- Tetbury (Cotswolds): The Priory Inn
- Cardiff: Innkeeper’s Lodge
- Edimburgo: KM Central
- Glencoe: The Glencoe Inn
- Ilha de Skye: Croit Anna
- Inverness: Talisker Guest House
- Perth: Heidl Guest House
- Londres, aeroporto de Heathrow: Thistle
Dirigir do “lado errado”
No Reino Unido o volante do carro fica do lado direito e a sua pista na estrada é sempre a da esquerda. Como não queríamos passar mais sufoco do que o estritamente “necessário”, estudamos as regras de trânsito de lá, especialmente as rotatórias, por meio de canais no YouTube como o ótimo Driving TV. Apesar de não ser obrigatório, Marcos tirou o PID (Permissão Internacional para Dirigir), pois uma das locadoras listou esse documento como obrigatório para o aluguel. E, não, ninguém pediu na hora.
Internet
Há wi-fi em praticamente todos os estabelecimentos comerciais e em todos os hotéis. Para todos os outros lugares tínhamos o 4G com o chip da Vodafone que compramos na estação de Paddington. Compramos um só chip e eu roteava o meu sinal para o celular do Marcos. Esse sistema nos atendeu muitíssimo bem, tanto no Reino Unido quanto em Portugal.
Mapas/GPS
Usamos o Google Maps e ele não decepcionou. No entanto, não quis confiar no sinal do 4G o tempo todo, então baixei com antecedência os mapas dos locais por onde passaríamos, especialmente durante as viagens de carro, para usá-los offline, e foi tudo tranquilo. Há como criar seus mapas com marcadores e observações no My Maps ou no Google Earth e usá-los no Google Maps.
Além desse aplicativo, instalei também o Citymapper, que usei muito pouco mas é o queridinho de muita gente. Você informa o local onde quer chegar e ele lista as opções disponíveis para chegar lá, incluindo quais linhas de metrô, de ônibus ou trem que se devem pegar e as distâncias/tempos entre os trajetos) e o Maps.me (que não precisei usar).
Malas
A bagagem é um item de extrema importância para quem, como nós, pretende “pular de galho em galho” durante a viagem. Além do inconveniente de ficar arrastando malas grandes e pesadas nos deslocamentos entre as cidades e transportes dos mais diversos, há também as taxas extras das low costs, que geralmente não incluem bagagem despachada. Leve o estritamente necessário, lave suas roupas no chuveiro, na pia do banheiro do hotel, em lavanderias, mas viaje leve. Em viagens com muitos deslocamentos, a bagagem pode virar um grande inconveniente. Em locais frios como o Reino Unido, há sempre um sistema de aquecimento no quarto e isso ajuda a secar as roupas.
Alimentação
Sempre ouvi dizer que come-se mal no Reino Unido. Isso não é verdade. A verdade é que, para comer bem lá, paga-se bem também. Você encontra, especialmente nas cidades maiores, restaurantes de todo tipo de comida: indiana, chinesa, árabe, massas, grandes cadeias de fast food etc. Além do tradicional fish and chips (peixe frito, batata frita, ervilhas e molho), entre os pratos mais baratos está também o hambúrguer com fritas.
A alimentação nos três países que visitamos não é barata, mas há sempre alternativa para quem está disposto a simplificar as coisas e economizar uns trocados. Nos mercados você encontra sanduíches e pratos prontos por precinhos bem camaradas. Além disso, os hotéis (até mesmo os mais simples) disponibilizam nos quartos uma chaleira elétrica e apetrechos para fazer chá e café. Alguns, além das saquinhas de café instantâneo, chá e açúcar, deixam também chocolate em pó, capuccino, leite, biscoitinhos etc. Comprávamos pão, frios, iogurte e frutas no mercado e lanchávamos no hotel mesmo.
Não podemos nos esquecer do café da manhã, o famoso “English breakfast” ou, como alguns chamam, “cooked breakfast”. A maioria dos hotéis serve alguma opção para quem, como eu, não consegue acordar já comendo feijão, linguiça, ovos com bacon, tomate, black pudim (uma espécie de chouriço), cogumelos e afins. Então você sempre pode recorrer ao pão, café preto ou com leite, manteiga e geleia e, quem sabe, iogurte, frutas e cereais também. É bom confirmar antes com o seu hotel o que servem no café da manhã.
O povo britânico é muito simpático e prestativo. Especialmente nas cidades menores e nas acomodações menores, eles fazem o possível para ajudar.
Roupas
Esse talvez seja o grande dilema dos viajantes. No Reino Unido não é diferente, em especial se você for em uma época de “frilor”. Pegamos dias muito quentes e ensolarados na Inglaterra e dias extremamente frios e chuvosos na Escócia. Como já esperávamos por algo assim, levamos roupas que pudéssemos combinar em ambas as temperaturas usando-as em camadas, inclusive as meias. Funcionou perfeitamente. Se você ainda não tem um casaco pena de ganso, recomendo comprar. São muito leves, quentinhos e combinam com tudo. E não se esqueça da capa de chuva e do calçado impermeável, especialmente se for passar pela chuvosa Escócia.
Dica para as meninas: a calça legging é perfeita para usar como segunda pele. Serve como opção de roupa para o dia a dia e também pode fazer parte do esquema de camadas.
Dessa vez a Irlanda ficou de fora do nosso itinerário, mas esperamos visitá-la em breve.
E é isto. Qualquer dúvida ou dica que você tenha, deixe nos comentários.
Outros artigos sobre o Reino Unido:
– Inverness e Castelo de Urquhart, nas Highlands escocesas
– A experiência de dirigir no Reino Unido, na mão invertida
– Ilha de Skye, nas Highlands da Escócia
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