Um dos maiores desafios que enfrentei na minha viagem para o Deserto do Atacama foi, na verdade, antes da viagem começar: montar a mala. Especialmente por conta do clima peculiar da região, com uma grande amplitude térmica entre dia e noite, montar uma mala compacta e eficiente é uma tarefa que exige um pouco de jogo de cintura.
Localizado no norte do Chile, o Atacama é conhecido por ser o deserto mais árido do mundo, mas isso não significa que lá só faz calor. Normalmente, os dias são quentes e as noites são geladas. Se você levar as roupas erradas pode passar um perrengue desnecessário por conta dessa variação de temperatura.
Nós viajamos com mala de mão e foi perfeito para uma semana explorando a região. Vou explicar abaixo em detalhes o que levamos, o que foi essencial e o que não levar jamais.
Como é o clima no Atacama?
Para começar, deixa eu explicar melhor o que eu quero dizer quando falo sobre amplitude térmica.
O clima no Atacama é muito, muito seco.
Nos meses de verão (dezembro a março), as temperaturas diurnas podem chegar a 30°C (a sensação térmica vai além disso), mas despencam para cerca de 5 °C e 10 °C à noite.
Já no inverno (junho a agosto), os dias são agradáveis, fresquinhos, com máximas em torno de 22 °C, mas as noites costumam ser congelantes, com temperaturas abaixo de 0 °C mesmo na cidade de San Pedro.
Primavera e outono são os meses mais “equilibrados”, com temperaturas menos extremas, mesmo assim pegamos -9 graus nos gêiseres e um calor sufocante durante o dia.
Para atender a essa grande variação você tem que montar uma mala bastante estratégica, preparada com roupas para o calor, para o frio e para os ventos que são garantidos no deserto.
Roupas
A regra básica e fundamental que você não pode esquecer aqui é: vista-se em camadas. Ou seja, você vai precisar de roupas leves para o dia, como camisetas de manga curta e/ou regatas de tecido respirável, shorts e bermudas, mas vai precisar também de casacos quentes e jaquetas corta-vento para as noites e madrugadas. A quantidade de peças vai depender do tempo que você pretende ficar no deserto. Nós ficamos 1 semana com mala de mão em outubro, ou seja, primavera, e foi suficiente.
DICA IMPORTANTE: se não houver sol, estará frio. Se houver sol, estará quente. É simples assim. Portanto vista-se com roupas que você possa ir tirando durante o dia à medida que for esquentando. Mais abaixo eu conto como eu fiz isso.
Blusas, calças térmicas: parece mentira que você vai precisar delas no deserto, mas confie em mim. As madrugadas são geladas, especialmente nos passeios ao amanhecer, como no tour pelos Gêiseres del Tatio. Em outubro nós pegamos -9 graus lá, na semana anterior estava -17. Então, leve fleeces e lãs.
Acessórios de frio: gorro, luvas e cachecóis são indispensáveis no inverno e muito úteis nos passeios noturnos.
Segunda pele: esse é um item que faz toda a diferença quando o sol está “dormindo”. Para sair à noite para jantar ou biritar, para fazer passeios que começam de madrugada ou para o tour astronômico, leve blusa e calça segunda pele.
Casaco corta-vento: os casacos corta-vento ajudam muito a segurar o frio além do vento, claro. No locais altos eles são indispensáveis.
Roupas leves para o dia: quando o sol aparece ele esquenta muito o deserto e você vai passar perrengue se não tiver levado shorts ou bermudas ou calças frescas e camisetas leves. Se for fazer trilhas, as calças de trilha, aquelas que viram bermuda, são ótimas. Nesse caso, evite usar jeans, que podem ficar desconfortáveis e pesados com o calor e o suor. Eu sei que já falei isso mas deixa eu repetir: faz um calorão durante o dia.
Meias: este é um item que costuma ser negligenciado mas é muito importante. Leve meias de lã, de preferência as de merino, evite as de algodão. Caso seus pés sejam sensíveis e você transpire muito nos pés, use um liner. Você vai me agradecer depois. Aqui nesse artigo sobre meias eu explico direitinho a importância dos liners e das meias de boa qualidade. E nesse artigo sobre como evitar bolhas nos pés eu deixo várias dicas testadas e comprovadas. Confere lá. Bem, os liners me fizeram falta em Ushuaia (esqueci de levar) e me salvaram no Atacama.
Roupa de banho: se você pretende entrar nas termas ou nas lagunas salgadas, não se esqueça desse item.
Toalhas: são imprescindíveis, mas antes de levar as suas, pergunte ao hotel se eles disponibilizam este item para os hóspedes.
Como eu fiz: nos passeios mais comuns eu colocava uma calça do tipo dessas de lycra por baixo e uma impermeável por fora para ajudar a segurar o frio e o ar gelado do deserto. Na parte de cima colocava uma camisa de manga curta, um fleece e um casaco de pena de ganso. Além do gorro e da luva, claro. Nos pés, um liner, meia de lã merino e bota. Marcos, que é bem mais calorento que eu, usou praticamente o tempo todo uma calça bermuda dessas de tecido fino. Ele preferia sentir um pouco de frio pela manhã, e durante o dia tirava as pernas da calça e ficava só de bermuda.
À tarde quando estávamos na cidade era bermuda pra todo lado, camiseta de manga e bota. Não se incomode em ficar super chique no deserto, lá todo mundo anda super informal, despojado e sujinho.
Para o passeio aos gêiseres várias pessoas diziam “se pone la maleta encima”, ou seja, use tudo o que você tiver disponível na mala, e eu ficava imaginando se seria mesmo isso tudo. Pois nesse passeio usei na parte de baixo a segunda pele térmica, a calça impermeável que tem um fleece dentro, na parte de cima a segunda pele térmica, um fleece mais grosso, casaco pena de ganso e casaco impermeável. Além de gorro, luvas e uma gola de esqui excelente que super recomendo (no lugar do cachecol). Nos pés meu liner, uma meia de lã merino bem grossa e a bota. Fiquei confortável no corpo, mas as mãos e a parte do rosto que ficou de fora gelaram. É realmente muito frio, então vá bem agasalhado.
Quanto às toalhas de banho, não levamos. Além do nosso hotel disponibilizar toalhas para os hóspedes, a agência que contratamos disponibilizava também roupões.
Sapatos
Eu tive muita dúvida se levaria bota ou tênis. Levei bota e não me arrependi, foram fundamentais, especialmente nos passeios com areia fofa. O cano alto ajuda a impedir que a areia entre nos nossos pés e fique incomodando ou destruindo nossas meias. Como praticamente não chove no Deserto do Atacama, não precisa levar calçado impermeável, mas recomendo que opte por calçados fáceis de limpar, pois eles ficam podres de sujos e não adianta se incomodar com isso.
Botas/tênis: as botas de trilha são uma ótima pedida, especialmente porque costumam ser confortáveis e resistentes. Se for optar por outro tipo de bota, preze pelo conforto. Muita gente vai de tênis, que também é uma boa opção, mas evite os tênis brancos e aqueles muito frescos porque o calçado é um item importante para proteger contra o frio. Na minha opinião, os calçados de couro são os melhores. Se você for viajar com mala pequena, escolha somente um calçado, seja ele tênis ou bota.
Chinelo: importante para relaxar no hotel e usar nos passeios às termas e às lagunas onde é permitido entrar na água.
Acessórios
Óculos de sol: de preferência que tenha proteção UV por conta da alta incidência solar.
Protetor solar e labial e batons: a pele e os lábios ressecam rapidamente no clima seco do deserto e sob todo aquele sol forte. Nós compramos o hidratante labial da Nivea e foi muito bom. Leve bons protetores ou compre lá. Há duas farmácias na cidade. As meninas podem abusar dos batons também.
Hidratante corporal: outro item que não pode faltar de jeito nenhum na sua mala é o hidratante para o corpo e para o rosto. Meninas e meninos vão usar bastante esse item porque a pele fica muito, muito ressecada.
Hidratante nasal: muita gente usa o soro fisiológico. Nós levamos o Maxidrate, que tem uma textura mais próxima do gel e fica mais tempo no nariz.
Chapéu ou boné: FUNDAMENTAL para proteger a cabeça e o rosto durante o dia. Opte por um chapéu com abas mais largas para proteger também as suas orelhas e a parte de trás do pescoço, especialmente se os seus cabelos forem curtos. Algumas pessoas usam chapéus com um pano de fora a fora para proteger melhor o pescoço. Há chapéus de todo tipo à venda na cidade de San Pedro. Eu fiz questão de levar um com saída para o meu rabo de cavalo e foi muito útil nas termas. Fica a dica. Outra coisa importante é segurar o seu chapéu/boné. O meu tinha uma cordinha e quando o vento era muito intenso eu a segurava. Caso algo voe para além das áreas demarcadas, não é permitido pisar fora dessas áreas para pegar o que quer que seja.
Mochila: é importante levar uma mochila para os passeios, onde você vai colocar a sua água, um lanchinho, protetores e hidratantes e as roupas que você for tirando ou colocando durante o passeio.
Lenço: especialmente quem sofre de rinite, ou outro tipo de problema que afete as narinas, é importante ter um lenço à mão. No meu caso foi fundamental porque meu nariz sangrou o tempo todo em que estivemos no Atacama.
Item opcional: nebulizador portátil. Não só para quem tem asma, esse é um item que pode ajudar a reduzir o desconforto no nariz e nas vias respiratórias para quem não está acostumado com ambientes muito secos. Nós levamos esse nebulizador portátil aqui mas chegando lá descobrimos que o soro fisiológico estava em falta e, por isso, não conseguimos usar. Se optar por levar esse item, lembre-se de levar um pouquinho de soro na mala como garantia.
O que não levar jamais
Roupas muito pesadas: não é necessário encher a sua mala com casacos volumosos. As camadas térmicas e uma boa jaqueta corta-vento dão conta do recado.
Saltos altos ou sapatos desconfortáveis: ruas de terra, muita poeira, trilhas e terrenos acidentados… Não perca seu tempo (e espaço na mala) com esses itens.
Visitar o Deserto do Atacama é uma experiência bastante diferente, com paisagens que parecem de outro planeta. Um lugar espetacular, mas para curtir bem o deserto você precisa estar muito bem preparado.
Se ficar com dúvida na hora de montar a sua mala, deixa aqui nos comentários que eu te ajudo.
Assista nosso vídeo sobre essa viagem ao Atacama:
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