Em nosso terceiro dia em Mendoza visitamos a Bodega Andeluna, no lindíssimo Vale do Uco, cercado pelas montanhas da Cordilheira dos Andes e produtora de excelentes vinhos.
A Andeluna foi a nossa primeira visita desse dia com o Luciano, outro motorista que trabalha em cooperação com o Leonardo Harth.
Nessa viagem decidimos não alugar carro porque queríamos liberdade para experimentar os vinhos. E como bebida alcoólica e direção não combinam e nós não queríamos ficar engessados nos tours das agências, contratar um carro com motorista (remis) foi a opção que melhor nos atendeu.
Quem está com a grana curta pode analisar ir com agência ou com o ônibus vitivinícola. Ambas opções são mais baratas que um remis.
O Vale do Uco é a região de vinícolas que fica mais afastada da cidade de Mendoza e a viagem até lá leva cerca de 1h30, que passa voando. É que a Cordilheira dos Andes é tão fascinante que a gente não cansa de namorá-la por todo o trajeto.
A Andeluna fica localizada a 1.300 metros de altitude no distrito de Gualtallary, Tupungato, no Vale do Uco. Ela nasceu em 2003 e está presente hoje em 30 países, além da Argentina. Entre eles, o Brasil.
Na Andeluna fomos recebidos pelo Maurício, o somellier da bodega, que nos deu uma excelente aula sobre uvas, vinhedos, clima, processos etc.
Há muito o que aprender, é claro, mas essa visita é excelente para quem conhece pouco ou nada sobre tudo o que envolve o mundo dos vinhos. Pequenos detalhes como, por exemplo, as características das videiras, permitem que o visitante saia de lá sabendo identificar uma videira de Cabernet Sauvignon cujas folhas têm 5 pontas, e as de Malbec, com 3 pontas. Cada uva expressa em suas folhas uma característica diferente.
Dica: Caso queira se hospedar nessa bodega e curtir a bela paisagem do Vale do Uco e seus ótimos vinhos, dê uma olhada na Andeluna Winery Lodge
As colheitas em Mendoza são feitas em fevereiro, março e abril e entre fevereiro e março a cidade realiza a Festa Nacional Vendimia, uma festa tradicional que acontece desde o ano de 1936 e que visa celebrar não só a colheita, mas também todo o processo de transformação da uva em vinho, inclusive a transposição dos obstáculos naturais e não naturais que tenham ocorrido ao longo do ano. Nessa época, a cidade de Mendoza fica cheia de turistas.
Após a colheita principal no início do ano, as vinícolas fazem a colheita tardia, que acontece no outono entre os meses de maio e junho. A colheita tardia oferece uvas mais açucaradas que produzem vinhos mais doces.
A Andeluna usa dois processos de colheita: manual e mecânico. No processo manual, é colhido o cacho inteiro da uva enquanto no mecânico uma máquina sacode as videiras fazendo com que se soltem apenas as uvas, sem o cacho.
O sistema de regagem das videiras utilizado pelas bodegas de Mendoza é o de gotejamento por meio de uma mangueira que permeia todas as plantações. É eficiente e tem a vantagem de economizar a pouca água disponível na região.
Pois é, Mendoza foi construída e prosperou em uma região desértica e, como chove muito pouco por lá (entre 150 e 300 mm por ano. A planta precisa de 700 mm), a cidade depende do degelo da neve das montanhas para abastecer com água a região. Isso significa que ninguém desperdiça água por lá e as irrigações são controladíssimas. Algumas das vinícolas maiores têm um lago/tanque próprio, mas a maioria delas não tem.
Fala-se muito por lá que a amplitude térmica da região (variação de temperatura, especialmente entre dias muito quentes e noites muito frias) é o que dá qualidade aos vinhos de Mendoza. Essa variação faz a uva criar uma proteção, produzindo uma casca mais grossa. Parece um problema, já que a casca mais grossa faz com que a uva seja menor e tenha menos polpa. Mas pelo que Maurício conta, é o contrário. Essa característica faz com que se perca um pouco na quantidade mas ganhe muito na qualidade, especialmente do vinho tinto. Lembra que é a casca que dá os taninos ao vinho? Pois é, quanto mais casca, mais taninos. Por isso os vinhos da região de Mendoza costumam ter mais corpo, mais estrutura e isso explica os excelentes Malbecs, Cabernet Sauvignons e Cabernet Francs da região.
A visita continua até a área onde os barris de vinhos ficam armazenados. Em Mendoza ouvimos pela primeira vez sobre barris de 1º, 2º, 3º uso etc e as características que cada um imprime no líquido que reserva.
Apesar dos vinhos da Andeluna serem todos muito bons, nos apaixonamos pelos brancos deles. O Torrontés dessa bodega é divino e, pela primeira vez, consegui gostar de um Chardonnay (normalmente acho enjoativo). Além disso, achamos os preços dos vinhos vendidos na Andeluna muito bons.
A bodega é muito bonita, com locais agradáveis para tomar um bom vinho apreciando a paisagem, curtindo a tranquilidade e a beleza do Vale do Uco e da Cordilheira dos Andes.
Para quem quer passar mais tempo nessa excelente bodega e curtir a região, a Andeluna também oferece almoço harmonizado de 3 ou 6 passos.
A Bodega Andeluna funciona todos os dias da semana entre 10 h e 16 h e é necessário fazer reserva tanto para a degustação/visita quanto para o almoço.
Vá e aproveite! Nós recomendamos!
Confira nosso vídeo sobre as bodegas que visitamos no Vale do Uco, inclusve a Andeluna:
Leia outros posts sobre Mendoza:
– Cruzando a Alta Montanha pela Ruta 7 na Cordilheira dos Andes
– Offroad pelas montanhas de Mendoza, Argentina. Um dia de Land Rover no sopé dos Andes
– Bodega El Enemigo em Maipú – Mendoza, Argentina
– RJ Viñedos em Luján de Cuyo – Mendoza, Argentina
– Bodega Belasco de Baquedano com almoço harmonizado em Luján de Cuyo
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