Ah! A Ilha de Skye! A lindíssima e temperamental Ilha de Skye!
Quem nunca sonhou em conhecer a Escócia, cenário de tantos filmes e séries que ostentam algumas das melhores paisagens entre os locais mais épicos do planeta? Tenha o seu imaginário sido povoado pela animação Valente, pelos filmes Highlander – O Guerreiro Imortal e Brave Heart – Coração Valente, Harry Potter ou pela série queridinha do momento Outlander, os amantes da ficção não conseguem passar incólumes pelas belezas naturais escocesas, mais especificamente das terras altas, as famosas Highlands. E quando se fala em Highlands, fala-se também em Ilha de Skye.
Amante da natureza e entusiasta da fotografia, durante as pesquisas para decidir o roteiro apaixonei-me perdidamente por essa ilha. Não fosse tão rebelde, Skye poderia muito bem ser a cerejinha do bolo de uma viagem à Escócia.
Como chegar
Esta bela ilha está ligada ao continente pela Ponte de Skye, de onde se tem uma bela vista para a região. Se for cruzar a ponte, aproveite e passe antes pelo épico Castelo de Eilean Donan (cenário do filme Highlander), que fica ali pertinho.
Caso não queira ou não possa cruzar a ponte, opte pela balsa e atravesse de Armadale até Mallaig ou de Kylerhea a Glenelg, com carro e tudo.
Quando ir
Os melhores meses para visitar a ilha são aqueles entre maio e setembro. Mas não se esqueça de que Skye fica apinhada de turistas (e de midges, falo deles mais à frente) nos meses do verão europeu, ou seja, julho e agosto. Fomos em maio, que era para ser, junto com abril, dos meses mais secos do ano. Entretanto, de acordo com a nossa anfitriã do AirBnB, setembro é a escolha perfeita.
De novembro a março espere pegar muito frio, mas pode ser uma boa opção se quiser ter os melhores pontos turísticos só para você.
Clima
Como boa estudiosa de destinos que sou, já sabia de antemão que o clima da ilha, assim como de todo o Reino Unido, em especial da Escócia, era altamente instável, seguramente nublado e certamente chuvoso. Já sabia, mas confesso que subdimensionei esta característica.
A Ilha de Skye é daqueles lugares paradisíacos com muito o que ver, se o tempo fizer o grande favor de permitir.
Depois de pegar a Inglaterra e Gales ensolarados (veja como planejamos essa viagem ao Reino Unido), chegamos à molhada Escócia esperançosos de que Skye seria gentil conosco. Não foi. Mesmo assim, perdoo, porque não acho possível guardar rancor de algo tão belo e porque continuo perdidamente apaixonada por ela.
Mesmo debaixo de chuva, durante dois dias e meio exploramos a ilha de carro e visitamos muitos locais abrigados por nossas botas e capas impermeáveis.
Portanto, conte com a chuva e reze pelo sol.
Onde ficar
Em nosso primeiro dia em Skye chovia tanto que Marcos sequer queria sair do AirBnB (clique no link para ganhar um cupom de desconto ao se cadastrar). A vista que tínhamos do nosso quarto realmente nos convidava a ficar. Recomendo muito o Croit Anna em Skeabost, a cerca de 8 km de Portree.
A maior cidade de Skye é Portree, em cujo centro há muito comércio e ofertas de hospedagem. Caso prefira esta área, veja onde você pode ficar em Portree.
Antes de decidir ficar no Croit Anna, eu havia reservado o quarto principal no Brae Cottage, que me pareceu excelente. Cancelei quando decidimos ficar um pouco mais próximos ao centro de Portree com o intuito de agilizar nosso roteiro. Mas confesso que não teria feito muita diferença.
Para quem quer uma estadia mais requintada sem ter que vender um rim para pagá-la, recomendo olhar o Skeabost House Hotel, que fica na região onde nos hospedamos.
Mas se o intuito for alugar um cottage só para você e sua família em um local lindo e mais isolado, dê uma olhada no The Homer, ou algo no estilo.
O que fazer
Percorrer Skye é uma viagem em si. Grandes montanhas, paisagens praianas, extensos desfiladeiros, construções de pedra, ovelhinas fofas e gado “cabeludo” (quando fomos eles estavam todos tosados, talvez para o verão) em um ambiente meio “místico”, cheio de algo que não se consegue explicar. Talvez aqui seja mesmo a morada das fadas que dão nome a diversas das belezas da região como as Fairy Pools e o Fairy Glen, que a chuva torrencial tirou à força de nosso roteiro.
Debaixo de uma chuva impetuosa, optamos por visitar o Castelo de Dunvegan, na costa oeste de Skye. Nós e todos os outros visitantes da Ilha…
O Castelo repousa em uma região muito bonita, tendo o mar como coadjuvante e os jardins como auxiliares, Dunvegan merece uma visita com calma, especialmente se você for do tipo curioso e explorador.
Embora o mar nesse dia “não estivesse para peixe”, arrisquei molhar meu jeans+segunda pele colocando o nariz e o restante de mim vez ou outra para fora do castelo para umas olhadas e umas fotos corridas com o celular. Nota mental para, da próxima vez, levar também uma calça impermeável.
Ainda com as águas escocesas despencando a cântaros, atracamos em Portree com a árdua missão de encontrar um restaurante com estacionamento próprio, ou próximo. Nada feito. Forçados então pela chuvarada, restou-nos almoçar um sanduba muito saboroso (e baratinho) do Coop (disponível em todo o Reino Unido), fazendo o carro de restaurante e o estacionamento do mercado de atracadouro.
A Destilaria Talisker foi a solução para um tour de última hora seguido de degustação de uísque. Era a opção mais óbvia, mesmo para aqueles que, como nós, não curtem a bebida. Mas parece que a chuva lavou toda a nossa experiência de viagem e chegamos lá na cara dura e sem hora marcada, o que nos fez voltar para casa de mãos e estômagos vazios. Nada de visita nem uísque. O lugar estava apinhado de turistas que também fugiam da chuva. Mais uma nota mental aqui.
Mas nem tudo foi espinhos em Skye e conseguimos visitar as Lealt Falls e região debaixo de muito vento e um frio de doer os ossos, mas secos. Ali, como em todas as outras atrações naturais de Skye, não há banheiros. Vá de bexiga vazia. Há um pequeno estacionamento próximo à estrada, mas há outro ainda maior na mesma região, subindo uma ruazinha ali mesmo, onde se encontram também mesinhas de madeira para lanche. Pegando a curta trilha à esquerda do primeiro mirante, chega-se a uma área linda de onde se avista a prainha com as ruínas de uma antiga fábrica de dinamite.
Um pouco mais adiante está a belíssima área das Kilt Rock & Mealt Falls. Há estacionamento pertinho, embora não abundante, e há também um trailer de lanches muito bem avaliado no TripAdvisor que pode salvar seu estômago. Anote aí. E anote também, antes que eu me esqueça, que para viajar para Skye você vai precisar fazer as reservas com, no mínimo dois ou três meses de antecedência. No mínimo mesmo.
Outra coisa a considerar na hora de planejar a sua viagem é que as tardes são muito mais longas nos meses mais quentes do ano. Às 23h do fim de maio ainda havia claridade no céu e às 4h da manhã ela já nos dava bom dia.
Ainda sobre Kilt Rock & Mealt Falls, recomendo ir cedo, especialmente com tempo bom, porque a melhor vista para a queda d’água fica em um pontinho específico do mirante e a fila para tirar foto dali torna-se inevitável.
A área é toda muito bonita. E ventosa. Prepare-se.
E prepare-se também para os insuportáveis, numerosos e persistentes midges, presentes em todo o Reino Unido e em alguns outros países da Europa. Essas pestinhas são minúsculos mosquitos que “beliscam” a gente o tempo todo. Eu os chamaria de mosquitinhos aventureiros, pois adoram locais altos e ventosos e estão presentes mesmo em dias muito frios. Não sei como se seguram com toda aquela ventania, mas ouso dizer que estão sob algum tipo de encantamento malévolo de alguma fada sacana. Os viajantes que chegarem à região entre a primavera e o verão europeu certamente serão perseguidos por esses terríveis insetos, portanto, recomendo que cheguem munidos de um mosquiteiro para o rosto, porque as pestinhas entram pelo nariz, ouvidos, boca e picam a vítima feito psicopatas desvairados. Não são venenosos, mas leve o mosquiteiro para a sua paz de espírito. De nada.
Seguindo viagem sentido norte chega-se a Staffin, onde há um mercadinho (com banheiro) e lanchonete próximos a um restaurante que oferece opções de saladas, sopas e o prato mais barato e disponível do Reino Unido: hambúrguer com fritas.
Se estiver atrás de paisagens épicas, mas a chuva não te largar, pelo menos o início da trilha para o Quiraing compensa visitar em dias molhados, mas não com neblina baixa (nosso famoso ruço, aqui na serra fluminense), porque ela vai esconder a imponência e a beleza das extensas paisagens da região, de onde se pode avistar o mar.
Esta é uma trilha circular e de pouca dificuldade. Se o tempo estiver bom, aproveite a sorte e percorra-a.
Estacionar por ali pode ser um desafio, em especial nos dias de bom tempo e ainda pior na alta temporada. Os carros amontoam-se às margens da estreita estradinha, daquelas que só cabem um carro e onde há os famosos recuos (passing places). À época em que visitamos estavam abrindo novos pontos de parada, mesmo assim, e com chuva e neblina, não foi fácil encontrar uma vaguinha para o carro.
Apesar das caipirices e apertos de dirigir do lado contrário, que Marcos relata no artigo “A experiência de dirigir no Reino Unido, na mão invertida“, dirigir nessa ilha é um passeio em si. Curta as vistas do mar, das belíssimas montanhas, das ovelhinhas e gado pastando (ou atravessando a rua em momentos inesperados), das casinhas típicas da região e da natureza exuberante que dá a Skye essa magia que ela exala.
Dê a volta pela estrada mais ao norte da ilha e pare para visitar o pequeno, mas curioso, Museu da Vida na Ilha de Skye. Até aqui vê-se os vestígios da II Guerra Mundial. Para quem gosta de história e cultura local, recomendo.
Entre estradinhas apertadas, mas fofas, e paisagens rurais encantadoras, chega-se ao paraíso dos fotógrafos e, por que não, dos turistas também.
Neist Point é daqueles locais realmente imperdíveis por sua majestade.
Cercado por vastos paredões que carregam, para além dos domínios da ilha, um imponente pedaço de rocha cuja ponteira abriga um belo farol, o lugar é perfeito.
Há bom estacionamento, mas não em abundância. Em belas tardes de pôr do sol pode ser chato encontrar um espacinho para o carro, portanto, não chegue em cima da hora para o espetáculo do astro rei. Chegue bem antes e aproveite para descer até o farol, perambular com tempo pela região, tirar quilos de fotos e deixar-se encantar ainda mais pelas fadas de Skye.
Por conta das fortes torrentes celestes, escaparam-nos água abaixo Fairy Glen, Fairy Pools, Old Man of Storr, Coral Beach, Talisker Bay, Elgol, Loch Cill Chriosd, Rubha nam Brathairean, Sligachan com sua famosa ponte e a própria Portree, além da épica Bealach Na Bà, estrada cênica que percorreríamos ao deixar Skye com destino a Inverness. Anote isso tudo aí no seu caderninho e pesquise no Google na hora de montar a sua viagem.
Meu sonho? Passar alguns meses por lá para poder explorar cada cantinho de terra, pedra ou mar que me escapou dessa vez.
Tente a sorte na Ilha de Skye. Quem sabe as fadas dessa bela ilha te tragam melhor sorte do que a nossa?
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Outros artigos sobre o Reino Unido:
– Inverness e Castelo de Urquhart, nas Highlands escocesas
– Como planejar uma viagem para o Reino Unido
– A experiência de dirigir no Reino Unido, na mão invertida
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4 Comments
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6 de fevereiro de 2023 at 20:09Pingback:
17 de abril de 2020 at 19:13Isabella
17 de dezembro de 2019 at 11:04Hoje teremos um dia bem relaxante e nosso maior contato com a natureza incr vel de Skye e a cultural local. Visitaremos ainda a Kilt Rock, um penhasco na costa da ilha com aproximadamente 60 metros de altura com desenhos que lembram os kilts escoceses. Visitaremos ainda o vilarejo de Staffin. Retorno pousada e noite livre.
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15 de agosto de 2019 at 23:47