Nosso jejum de caminhadas e montanhas já durava meses, anos. Uma combinação que misturava muito trabalho, inclusive nos fins de semana, problemas familiares e físicos (o joelho da Camila) nos afastaram bastante do que estávamos acostumados a fazer quase todas as semanas. Nas poucas ocasiões em que até nos animávamos a sair para a montanha, o clima azedava e a chuva melava nossos planos.
Até que uma publicação do fotógrafo Waldyr Neto nos chamou a atenção. Como participamos de outros cursos e eventos fotográficos com o Waldyr, sempre recebemos suas comunicações de novos cursos e oficinas de fotografia (veja mais detalhes no fim deste artigo), e o mais recente foi o de um dos seus eventos já recorrentes, o Café Fotográfico na Montanha, destinado a fotógrafos de montanha novatos e veteranos.
Vimos a data marcada com um pouco de ceticismo, já que fazia um mês que chovia todos os dias, sem parar. Além disso, a trilha escolhida, o Morro do Bonet, é íngreme, muito erodida pelo uso e pela água e muito escorregadia, pelas pedrinhas soltas em tempo seco ou pela lama em tempos de chuva. Nada que desanime um bom aventureiro.
Uma rápida consulta na previsão do tempo no windy.com mostrou uma incrível e feliz janela de sol justamente no domingo, com previsão de madrugada sem chuva e céu claro. Perfeito, vamos!
O horário combinado para o encontro foi às 2 da manhã e fomos em dois carros até a entrada da trilha. A madrugada cumpriu a promessa da previsão do tempo e tivemos céu claro e tempo seco. A trilha, no entanto, estava muito escorregadia e cheia de buracos. O bastão foi fundamental (para mim), tanto na subida como na descida, e poupou meus joelhos na descida e a mim de muitos tombos. O risco maior seria o joelho da Camila, que poderia desarmar a qualquer momento, sobretudo na descida. Felizmente, lutou bravamente e não a decepcionou. Quem decepcionou dessa vez foi a cabeça da Camila, que levou lentes, filtros e tripé, mas esqueceu a DSLR em casa.
O ponto forte dos eventos específicos para fotógrafos de montanha é que, ao contrário de passeios genéricos sem a intenção da fotografia, uma vez alcançado o local pretendido ninguém fica com pressa de ir embora, até chegar e passar o melhor momento para fotografar. Nesse dia não foi diferente. De quebra, conhecemos novas pessoas com interesses semelhantes e histórias completamente diversas. Um grupo realmente ímpar e da melhor qualidade. O prêmio de Leão das Montanhas ficou com Luizinho, que subiu com mais de 10 Kg de alimentos na mochila, carregando todo o material do café da manhã.
Filhote de cobra e abelhas
A trilha do Bonet é conhecida por duas particularidades: é o lugar com maior probabilidade de se avistar serpentes em Petrópolis. Segundo o Waldyr, se há um lugar em Petrópolis onde você pode encontrar uma cobra é na trilha do Bonet, sobretudo no verão. Curiosamente, já cansei de encontrar cobras em diversas trilhas pela cidade, porém não no Bonet. Nesse dia, os participantes que foram na frente encontraram um filhote de jararacuçu, tão minúscula que eu teria pisado sem ver. É só ficar atento e escolher onde pisa e onde coloca as mãos, dica que vale para qualquer trilha.
No cume do Bonet há um outro risco, pelo menos para quem não sabe se portar nas matas: abelhas. Logo ao amanhecer elas chegam para trabalhar nos arbustos melíferos do cume, não gostam muito de proximidade de pessoas e ficam nervosas se houver muito barulho e algazarra. Numa caminhada anterior passamos por momentos tensos; algumas abelhas se posicionaram bem à nossa frente, pairando absolutamente imóveis no ar, como se aguardassem um comando de ataque. Isso ocorreu muito provavelmente devido à algazarra do grupo que já estava lá quando chegamos. Quando foram embora, as abelhas sossegaram e se afastaram. Os ataques de abelhas estão entre os maiores riscos nas matas e são mais frequentes do que picadas de cobra. No caso das abelhas, evite gritaria e movimentos bruscos nas proximidades de onde elas estão.
O Morro do Bonet, com 1.552 metros de altitude, situa-se na Reserva Biológica do Tinguá, próximo da Serra do Couto e da Reserva Biológica de Araras. Oferece uma vista deslumbrante das diversas montanhas circundantes, incluindo o pico Congonhas, Alcobaça, Cobiçado, a Serra dos Órgãos, o Castelinho, o Morro do Cortiço, etc. e, no extremo oposto, também para o CINDACTA (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).
Em dezembro, o sol nasce um pouco à direita do morro conhecido como morro das torres do Morin e na direção do “Meu Castelo” ou “Castelinho”. Mais à direita avista-se a cidade do Rio de Janeiro, a região da Baixada Fluminense e parte da Baía de Guanabara.
O cume tem pouco espaço, com muitas pedras e não comporta grupos muito grandes, especialmente se muitos pretenderem utilizar tripés. Há diversos pontos de alto risco de queda, portanto cuidado se levar crianças e, muito especialmente, é melhor não ingerir álcool (e outros) quando estiver lá em cima. É uma montanha, não se esqueça disso.
Sobre o fotógrafo e os eventos
Se você se interessou pelos cursos e oficinas de fotografia do Waldyr Neto, no blog dele ‘A Magia da Montanha‘ você pode conhecer melhor o trabalho do fotógrafo. Há cursos para todos os gostos, em pontos variados do Brasil e também, ocasionalmente, no exterior. Se você não se interessa por caminhadas e ralação e prefere o conforto da cadeira, há também os cursos de edição fotográfica no Lightroom, que Waldyr ministra também há alguns anos.
O Café Fotográfico na Montanha é um dos eventos recorrentes do Waldyr e é exatamente o que sugere o nome. Normalmente a montanha escolhida é de acesso mais rápido e fácil, como o Ventania, ou de acesso rápido mas um pouco mais exigente, como o Bonet.
Nesses eventos você não precisa levar lanche, basta uma garrafinha de água para a subida. No cume, após a sessão fotográfica e logo ao amanhecer, um café super saudável e variado estará esperando por você, incluindo frutas, queijos, bolos, pastas, pães e comida suficiente para todos e um bom bate-papo.
Além do trabalho como fotógrafo, Waldyr publicou também alguns livros, inclusive guias de trilhas e montanhismo que, aliás, utilizamos muito para conhecermos por conta própria as trilhas e montanhas da região.
Conheça o trabalho e informe-se no blog Magia da Montanha e veja dicas no canal do YouTube.
**Esta publicação não é patrocinada.**
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