Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece. Me pergunto se isso também vale para as montanhas. A primeira caminhada de montanha que fiz na vida foi aos 12 anos, até à Pedra da Boa Vista, nome dado pelos antigos ao local que, hoje, é conhecido como Morro Meu Castelo ou simplesmente Castelinho.
Apaixonei-me pelo passeio. Pelo caminho, a floresta, os riachos, as grutas, as lajes de pedra e, finalmente, pela formação rochosa no cume do morro, formação essa que provavelmente inspirou o “castelo” no nome.
Depois dessa primeira caminhada, voltei muitas, muitas e muitas vezes mais ao local (eu morava no bairro em que se iniciava a caminhada), tendo contado, aos 14 anos, cinquenta vezes – até que parei de contar, nunca tendo deixado de visitar o lugar, o que faço até hoje pelo menos umas duas vezes por ano. E lá se vão 35 anos. Passei algumas noites lá em cima, com e sem barraca (arroubos da juventude), já subi no meio da noite e até mesmo subi duas vezes num mesmo dia. Está claro, então, que estou falando de uma caminhada relativamente rápida e bastante leve, principalmente para quem já está acostumado com trilhas.
Anos mais tarde visitei muitas outras montanhas, claro, e continuo conhecendo outras, mas até agora nenhuma me causou tanto impacto quanto o Castelinho. O melhor adjetivo que encontro para definir o lugar é “mágico“.
A trilha de acesso ao Castelinho tem início no bairro petropolitano Lagoinha, acima do Alto Morin. Logo após passar por uma estrada com trechos bastante ruins, com a maior parte da pavimentação em lajes de concreto, uma entrada à direita leva à floresta. A trilha é bem leve, rápida, cerca de uma hora, com mirantes, algumas clareiras, riachos, grutas e, em alguns pontos, locais onde todas as pedras estão cobertas por musgo verde, com caminhos ladeados por densa mata atlântica. Cenários dignos de alguns trechos do Senhor dos Anéis. Um elfo poderia morar ali.
Em um dado ponto, onde há uma bifurcação, o caminho da direita leva a um riacho e uma gruta. Seguindo-se por esse caminho pega-se o caminho novo até o Castelinho. Não aconselho, pois além de ser muito mais íngreme e acidentado, difícil mesmo, está bastante erodido, dificultando ainda mais o deslocamento. Vale a visita ao riacho e à gruta, voltando em seguida para pegar o caminho da esquerda. Mais longo, porém nada acidentado e com trechos muito bonitos de mata.
A trilha pela mata termina abruptamente, dando lugar a um longo caminho por lajes de pedras e alguns trepa-pedras. Logo se alcança a parte alta da caminhada, onde costuma ventar muito, muito mesmo. No inverno, mesmo que a temperatura esteja agradável, leve um agasalho, pois o vento por lá costuma ser úmido e muito frio. Leve um gorro, pode ser que precise proteger os ouvidos.
Do alto do Castelinho avista-se toda a Baía de Guanabara, a baixada fluminense, ponte Rio-Niterói, Pão-de-Açúcar, Corcovado, Pedra da Gávea etc. Mais à esquerda, avista-se a Agulha de Itacolomi. À direita, o Morro do Miltão e a estrada da Serra Velha da Estrela. Por trás avista-se parte da cidade de Petrópolis.
É uma caminhada clássica do montanhismo petropolitano, não deixe de conhecer, se puder.
Além de conhecer este lindo local durante o dia, experimente subir para ver uma alvorada ou um pôr do sol na montanha. Garanto que será uma experiência incrível.
Se quiser mais detalhes sobre esta e outras caminhadas, indico com grande satisfação dois livros escritos por um montanhista petropolitano. Confira no Blog A Magia da Montanha e aproveite para deliciar-se com as fotografias desse fotógrafo amador que já dá sinais de estar se transformando em um mestre.
Se tiver um tempinho extra, faça um desvio e pegue uma entradinha à direita, que traça um caminho rápido para a represa.
Agora, uma coisa vem me entristecendo ultimamente, sempre que vou ao Castelinho: aparentemente as pessoas estão mais mal educadas do que quando eu era um adolescente. Hoje as pessoas estão porcas (não consigo pensar em outro adjetivo), emporcalham tudo por onde passam, deixando sacos plásticos, garrafas, embalagens de tudo quanto é tipo – até grelha de ferro já encontrei jogada lá em cima.
Então, por favor, leve na sua mochila alguns sacos destinados a trazer de volta todo o seu lixo não orgânico. Todos agradecem: natureza, animais e os visitantes que irão depois de você.
Outra coisa deprimente: alguns seres rastejantes pixaram as pedras, escrevendo “JESUS” em letras garrafais, emporcalhando as pedras. Se você quer gritar ao mundo a sua fé, faça na parede de sua casa, não nas montanhas, que pertencem a todos, independente da religião. Do contrário, só estará expondo o nome do seu mestre ao ridículo.
Seja qual for a sua fé, nada mais eloqüente do que a obra da natureza, independente do nome que você dê à sua divindade preferida. E o Castelinho parece ser um bom elo com a mente do Criador.
Veja o vídeo da trilha:
Quer conhecer outras trilhas lindas na região? Visite nossa página de trilhas e caminhadas na região serrana.
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8 Comments
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17 de abril de 2020 at 19:14Pingback:
2 de março de 2013 at 19:41CHARLESTON
22 de março de 2012 at 16:05OLÁ, NEM SABIA QUE ESSE MORRO SE CHAMAVA CASTELINHO. OK BYE.
camilaguerra
22 de março de 2012 at 16:26Charleston,
Obrigada pela visita!
Na verdade o Castelinho tem mais de um nome.
É também conhecido como Morro Meu Castelo e me parece que os antigos o conheciam como Pedra da Boa Vista….
[]’s,
Camila
CHARLESTON
22 de março de 2012 at 16:52ok, valeu a informação.
camilaguerra
19 de junho de 2011 at 20:20Olá Cleber,
Realmente o Castelinho é uma pérola. Mas é uma pena o que os vândalos têm feito por lá.
Fico mais triste a cada visita por conta das pixações nas pedras, a lixarada pelo caminho e lá em cima, a falta de respeito pela natureza e pelos visitantes em geral.
Todos nós gostamos de locais bonitos, limpos e tranquilos…. gostaria que todos respeitassem isso. Mas, mesmo com tudo isso, a beleza do local é indiscutível.
Obrigada pela visita!
[]’s,
Camila
Cleber
14 de junho de 2011 at 18:52Nossa, faz tempo que não vou ao Castelinho, minha paixão. Eu amo aquele lugar. Belo post sobre o assunto.
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18 de abril de 2011 at 12:22