Nosso artigo sobre
como evitar bolhas nos pés é um dos campeões do blog. Pelo jeito tem muito mais gente enfrentando problemas com bolhas do que imaginávamos.
Eu sou das que tem bolhas só de pensar em caminhar. Sofro demais com elas e já me atrapalharam inúmeras vezes. Já tive que aguentar mais de uma por vez, inflamadas, com pele, sem pele… um horror. Por isso, também sou campeã em testar produtos e procurar maneiras de evitá-las. Além das dicas já explicadas no post anterior, tenho mais algumas observações sobre o assunto. Testei coisas que funcionaram bem, outras nem tanto.
1) Minha primeira dica é a mais dolorosa de todas: você PRECISA testar!
Bem, vou começar falando sobre as bolhas que costumo ganhar de presente nas trilhas (geralmente aparecem no calcanhar). Para as caminhadas na natureza, uso bota. Abaixo o material que usei nos meus testes.
Material que usei nos meus inúmeros e dolorosos testes
Teste 1: Como minha bota está um pouco larga, comecei usando-a com um liner da Solo (Veloce), uma meia grossa de lã merino da Fox River (Trailhead), a palmilha da bota e mais uma palmilha simples de outra bota, além de band-aids no calcanhar. Para caminhadas deu erradíssimo. Uma droga. Bolhas e mais bolhas. Na cidade foi bem, mas para subir montanha foi um pesadelo.
Teste 2: Tive que fazer mais testes, claro. Comprei uma palmilha de silicone e me livrei das outras duas, continuei com as meias anteriores e coloquei 3 camadas de esparadrapo micropore no calcanhar. Resultado: um droga maior ainda!
Teste 3: Palmilha de silicone + palmilha da bota + as mesmas meias + esparadrapos comuns. Horrível! Além de não segurar as bolhas, o esparadrapo comum ainda agarrou na meia e fez um estrago.
Teste 4: Fomos subir a
Pedra do Sino em Teresópolis, uma caminhada puxadinha. Experimentei mais umas mudanças: usei Liner Solo Veloce + meia Fox River mais fina, mas também de merino, acolchoada no calcanhar + palmilha de silicone + palmilha da bota. No calcanhar não usei esparadrapos, usei o band-aid friction block (calma aí, vou explicar o que é isso). Aí a coisa começou a melhorar. Ainda ganhei uma bolha mas só em um dos pés e ela foi pequena.
Teste 5: Comprei uma palmilha superfeet (calma aí que já explico também). Usei-a com um liner beeeem mais fino, dessa vez da Fox River + meia da Fox River (a mais fina, acolchoada) + 3 camadas de micropore no calcanhar. Pronto! Eu estava no céu! Subi montanha, desci montanha, andei pra todo lado e…. nada de bolhas! Ufa!
Em algum momento dessa bagunça toda aí também fiz experiencias usando minha meia Lorpen camada tripla light hiker mas não achei que funcionou bem. A meia é ótima mas nessa combinação, por ser mais fina e minha bota estar folgada, ela não me deu o conforto que eu queria.
Foram muitos testes com algumas variações e concluí que a experiência não é a mesma para todo mundo. Cada pé tem um “temperamento” diferente. Testar é a solução :)
2) Band-Aid friction block
Nas minhas “fuçadas” online, descobri um tal band-aid roll-on que se passa no pé. Ele cria uma fina camada protetora que impede a fricção causadora das bolhas. É um produtinho milagroso e, por isso mesmo, não tem no Brasil. Aliás, tem, no Mercado Livre e outras fontes. Lá fora é baratinho, aqui é caro.
Band-Aid friction block. Salva muitas situações. Aprovado!
Minha experiência mostrou que ele funciona razoavelmente bem no calcanhar mas funciona perfeitamente em locais onde a pressão não é tão forte. É perfeito para sandálias que machucam (masculinas ou femininas), tiras de chinelos de dedo, sapatilhas e afins.
O bom desse produto é que ele não é melequento como vaselinas e similares e tem um cheirinho agradável. Não lambusa a meia nem o sapato, o pé não fica sambando no calçado e você não corre o risco de escorregar dentro dele toda hora que der uma pisada esquisita. É fácil de aplicar e não precisa esperar um tempão para secar. A embalagem é minúscula, levinha e não faz diferença na bolsa/ mochila de ninguém.
O roll-on da Band-Aid. Você passa sem fazer lambança. Bem prático.
Experimente, mas depois de passar, espere uns segundinhos para que a película fique mais consistente.
A Compeed (marca européia) também tem um produto similar e ambas as marcas oferecem outras soluções para o problema. Ainda não testei outros.
Palmilha SuperFeet Berry
3) Palmilha SuperFeet
Palmilha? Como assim?
Você deve estar se perguntando o que uma palmilha tem a ver com bolhas… mas tem! Vai por mim!
Me parece que as outras palmilhas deixaram meus pés em uma altura dentro da bota que não era conveniente. Os calçados são projetados obedecendo a algumas medidas e, dessa forma, fazem “curvas” para moldar o pé da vítima, quero dizer, da pessoa que o calça. Palmilhas muito baixas ou muito altas, colocam os pés em posições que propiciam o aparecimento das danadas.
Comprei a SuperFeet pensando em amenizar uma dor plantar na frente do pé que aparece com as caminhadas longas mas a palmilha, aparentemente, corrigiu o problema do posicionamento do pé pois passei a não sentir mais incômodo no calcanhar. Há outras marcas e a prórpia SuperFeet produz palmilhas diferentes para situações diferentes. Essa aí é a versão feminina da palmilha laranja que é masculina. Ela dá mais suporte ao arco plantar do que as outras cores da marca.
Não, me desculpe, não são vendidas no Brasil. Mas você pode importá-las pelo Ebay ou pedir alguém para trazer de fora.
4) Liners: as meias finas que salvam qualquer pé. E as meias comuns, claro!
Não vou me repetir sobre a função dos liners pois já expliquei sobre eles em meu primeiro artigo sobre
como evitar bolhas nos pés e também no artigo sobre a
importância das meias para a saúde dos pés.
O que eu quero aqui é comentar sobre a diferença ABISSAL entre o liner Veloce da Solo e o
Liner X-Static da Fox River. O Veloce não é ruim, pelo contrário, tem boa constituição e está perfeito mesmo depois de muito uso. Ele até cumpre a função de manter o pé seco mas ele é MUITO mais grosso que o X-Static. Essa mudança, na minha opinião, fez muita diferença para o meu pé.
Liners que testei: embaixo o da Fox River, por cima o da Solo
O Veloce funcionou muito bem para mim na friaca gelada do inverno de
Bariloche, com neve. Lá não subi montanha nem fiz trilhas mas andei bastante em terrenos planos. Para as trilhas que faço, o Fox River deu mais resultado.
Minha conclusão é que o liner é fundamental e é um item que merece muita atenção no quesito qualidade.
5) Nexcare
Mais “fuçadas” online e descobri essa tal
NexCare, uma fita em rolo da 3M que tem pra vender em qualquer farmácia. A fita é transparente e tem uns furinhos. Nos meus testes (foram muitos, juro!) resolvi experimentar e achei que o custo x benefício não compensa! É um pouco cara, vem pouca quantidade e não é tão efetiva. Para trilhas, usando uma camada não funcionou. Duas também não.
Fita Nexcare da 3M. Não me convenceu.
Para sandálias, sapatilhas e afins a Nexcare funciona melhor, mas ainda assim não conquistou meu coração. De qualquer maneira, é transparente e pode salvar em alguns momentos.
Entre a Nexcare e o micropore, meu pé gostou mais do micropore.
6) Micropore
Todo mundo sabe o que é isso, né? Mas, se alguém não souber, explico: é um esparadrapo antialérgico, mais fino que aquele branco convencional.
Você pode usá-lo em camadas, dependendo da sensibilidade dos seus pés. Os meus são extremamente sensíveis e, testando, me ajeitei com 3 camadas. Mas aqui há uma observação importante a fazer: quando colocá-lo nos pés, certifique-se de que ele não esteja embolado, com vincos, dobras ou bolhas. Ajuste-o bem à sua pele e corte fora as dobras e partes extras. É importante!
7) Descanso
Faça paradas regulares nas caminhadas e durante essas paradas tire os sapatos e ponha meias e sapatos para secar. Se as meias estiverem muito molhadas, está na hora de trocá-las por um par seco. Minha experiência também me diz que descansar os pés na água não funciona bem. Isso porque a água tende a amolecer a pele e quando a fricção da pisada voltar, a bolha aparecerá com mais facilidade. O ideal é secar a pele e não molhá-la.
8) Ih, mas já deu bolha! Ah, que se dane!
Não, não e não! Peraí!
Se você já está com bolha nos pés, os métodos acima não vão ajudar. JAMAIS cole esparadrapos e fitas adesivas diretamente em cima das bolhas pois quando for retirá-los, a pele vai sair junto.
O band-aid roll-on também não vai ajudar nesse caso.
Se a bolha já se formou e você ainda precisa caminhar, estoure-a com uma agulha desinfetada, drene bem o líquido, desinfete bem o local, coloque gase por cima e prenda-o com esparadrapo. Se a bolha for bem pequena, um band-aid comum ajuda. Mas é muito importante limpar bem o local para evitar infecção. Já vi gente usando um adesivo chamado Compeed (não vende no Brasil) que isola a bolha. Acho até que pode funcionar bem em algumas circunstâncias mas também precisa ser retirado assim que possível para a higienização do local.
Já passei pela dolorosa experiência de chegar cansadíssima em casa, tomar banho e esquecer de limpar a bolha devidamente. Resultado: 1 semana pisando torto por causa da bolha infeccionada. Não corra riscos!
No artigo anterior um leitor comentou que costuma fazer um curativo com uma pasta de sal de cozinha e glicerina e, em aproximadamente 12 horas, todo o liquido de dentro da bolha é drenado para fora dela sem romper a pele e, portanto, evitando infecções. Confesso que não testei mas está na lista.
Para fechar minhas observações baseadas na minha própria experiência, concluí que tudo faz diferença quando o pé é sensível. Meu marido, por exemplo, pode subir montanha de coturno com pedra dentro que não sente nada (Invejinha!).
O negócio é encontrar a combinação que funciona melhor para você. As meias fazem diferença e o fator clima (calor x frio) também precisa ser levado em consideração. Uma combinação pode funcionar bem no verão mas nem tão bem no inverno. E vice-versa.
Outra coisa imprescindível é amaciar o calçado. Quanto mais novo e menos usado, mais provável que provoque bolhas.
É isso! Boa sorte e bons caminhos. Sem bolhas! :)
Tem experiência com bolhas? Conta aí nos comentários! Sério, quero muito saber! :)
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11 Comments
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31 de julho de 2019 at 11:44CRISTIANE REIS DE SOUZA
11 de julho de 2018 at 17:17Também sou uma das que tem pés hiper sensíveis! É tanto teste que a gente faz! rsrsr…
Daqui a 2 dias saio para uma caminhada de 276 km, de Minas à Aparecida do Norte. Dessa vez vou caminhar na maio parte do tempo com a sandália papete da Timberland. Depois dos testes, foi a coisa que menos machucou meu pé. Claro que nos terrenos mais acidentados (na subida da serra da Mantiqueira, por exemplo, vou ter que calçar meu tênis.
Minha busca é por uma bota confortável. Tenho uma da The North Face, mas o solado é duro e, pra piorar, tenho fascite plantar. Tem dicas de botas?
Um abraço e obrigada!
Camila Guerra
5 de julho de 2019 at 19:51Olá, Cristiane!
Espero que sua caminhada tenha sido boa, e sem bolhas. :)
Sobre botas, eu já tive uma Asolo (solado bem duro) e duas Bull Terrier. Estou com uma Bull Terrier impermeável no momento, mas acho desconfortável. Meu marido tem uma Snake e adora, diz que é super confortável. Ouço falar bem das Salomon, mas nunca experimentei nenhuma dessa marca.
[]’s,
Carla Perrone
12 de fevereiro de 2016 at 17:34Adorei as dicas! Certamente testarei seus métodos um a um, rs. Ano passado antes de fazer a travessia petrópolis x Teresópolis já estava com bolhas nos calcanhares devido às caminhadas intensas para preparo. O que me salvou foi comprar uma almofada palmar adesiva fofinha e com a superfície lisa, bem plastificada. Colei uma em cada calcanhar e uma em cada bota na mesma região. Isso fez com que o pé deslizasse sem causar atrito. Caminhamos cerca de 16 horas e como não molhei deu super certo. Fica a dica! Vale a pena se já estiver com bolha. Salva a viagem!
Camila Guerra
12 de fevereiro de 2016 at 23:45Legal, Carla!
Você foi corajosa pois a Petrô x Terê é bem chatinha pra quem já está com bolhas.
Já me disseram que a Compeed faz algo semelhante ao que você descreveu, mas não sei se vende aqui no Brasil. Lembra da marca desses adesivos que você usou?
[]’s
Nely
11 de fevereiro de 2016 at 21:30Excelente dicas.
no meu caso tenho pés sensíveis de pois de anos sem problemas. A sola do pé fica tão sensível quanto ás pontas dos dedos de quem acabou de casar e está usando produtos de limpeza.
Eu mesma tenho inventado meias feitas com lingerie de lycra e é o que está ajudando. O dermatologista disse que atualmente as palmilhas dos calçados não são mais feitos com couro e são utilizados produtos quimicos que passam nas palmilhas para parecer couro e essas químicas podem dar maus resultados. Já outro médico falou que acha que há muita radiação no ar com os atuais aparelhos inclusive celulares o que talvez esteja alterando a sensibilidade da pele e ocorrendo muitas alergias ou irritações.
Camila Guerra
12 de fevereiro de 2016 at 11:23Oi, Nely!
Nunca ouvi essas teorias, mas uma coisa que percebo também é que o hábito de caminhar ajuda muito a diminuir a incidência de bolhas. Quando passo muito tempo sem fazer caminhadas, as bolhas aparecem com mais frquência quando retomo o hábito. Sobre as meias que você faz por conta própria, é provável que estejam fazendo o trabalho do liner…
[]’s
Roberto Perez
21 de janeiro de 2014 at 00:20Camila.
Parabéns pelo desenvolvimento do site e o apuro dos testes de campo. Eu, que já rodei meio mundo, passei muitos apertos e até gambiarra fiz para terminar as trilhas. Confesso que não uso nenhum desses acessórios e alguns sequer conheço, assim como o caviar.
Numa ocasião fizemos uma marcha de 70 km, com colete tático, capacete, mochila e armamento, ração fria e coturno, – aquele bat-but que parece ter uma ferradura no solado. Dias antes conversei com um veterano dessa marcha e temendo ficar com os pés em carne viva, pedi aconselhamento
A surpresa foi ser recomendado a envolver os pés em filme PVC, usados para embalar alimentos. A dica valeu a pena. “Embrulhei” os pés com diversas voltas de filme e fiz uma meia que virou uma segunda pele, porém sem deixar a pele respirar. Antes de colocar o filme passei um hidratante. Por cima coloquei a meia .
Em todas as paradas eu tirava o filme e deixava os pés respirarem. Depois colocava outro filme e seguia a marcha. Do meu pelotão fui o único a não reclamar de bolhas e esfolação. Passei a usar essa técnica em atividades mais rigorosas. Na travessia eu sempre faço isso. A gambiarra funcionou. Não virou mingau, não embolou e nem apertou, pois dilata na medida do necessário.
Funcionou comigo, mas cada caso é um caso.
Camila Guerra
21 de janeiro de 2014 at 14:51Olá, Roberto! Obrigada!
Só de pensar no PVC já fiquei com calor no pé… :)
Nunca pensei em usar algo como PVC. Ele não fez seu pé transpirar demais não? A bolha acaba se formando por dois motivos: transpiração e fricção. No caso do PVC acho que deve segurar a frição, mas piorar a transpiração. De qualquer maneira, valeu a dica! ;)
[]’s
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20 de janeiro de 2014 at 22:46